EUA, França e Itália concentram metade dos casos de covid do planeta
MUNDO
Publicado em 08/01/2022

Desde 3 de janeiro de 2022, o mundo tem registrado, por dia, mais de 2 milhões de casos de covid-19. O índice é acompanhado por outro dado assustador: a marca de 2 milhões de diagnósticos diários foi ultrapassada apenas uma semana após o primeiro registro de 1 milhão de novos casos no planeta. 

Dados mais recentes do Our World In Data, referentes à quinta-feira (6), indicam que houve 2,52 milhões de notificações no mundo. Três países, juntos, respondem por metade dos casos: Estados Unidos (786.824), França (262.787) e Itália (219.430). 

As últimas semanas — especialmente a primeira de 2022 — foram de sucessivos recordes de casos, impulsionados pelo avanço da variante ômicron. Abaixo, alguns deles: 

4/1/2022 - Mundo: 2,4 milhões de casos

4/1/2022 - EUA: 1 milhão de casos

4/1/2022 - Reino Unido: 221 mil casos

5/1/2022 - França: 332 mil casos

6/1/2022 - Itália: 219 mil casos

6/1/2022 - Argentina: 109 mil casos

Há também países que voltaram a registrar altos índices após meses de controle da pandemia, como o caso da Índia, que notificou ontem (7) mais de 100 mil casos num único dia — algo que não ocorria no país há mais de sete meses.

"Assim como as variantes anteriores, a ômicron está hospitalizando e matando pessoas. Na verdade, o tsunami de casos é tão grande e rápido que está sobrecarregando os sistemas de saúde em todo o mundo", declarou o diretor da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom, em entrevista coletiva na quinta (6). 

No Reino Unido, o Ministério da Defesa anunciou ontem (7) que convocará militares para auxiliar os hospitais diante do aumento de novas internações, atendimentos em pronto-socorros e escassez de funcionários de saúde. 

Para autoridades sanitárias dos EUA, a alta de novos casos ainda não atingiu o pico. "Ainda estamos vendo esses números crescendo", disse Rochelle Walensky, diretora do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano), em entrevista à NBC. 

 

Na contramão do mundo, Brasil tem apagão de dados e baixa testagem

Em 6 de janeiro de 2021, exatamente um ano antes, o Brasil era o segundo país com mais registros diários de covid-19: 62.507, segundo o Our World In Data. Os EUA lideravam a lista (256.866 casos), e na sequência vinham Reino Unido (62.352), Alemanha (26.663) e França (25.143). 

Dos cinco países citados acima, o Brasil é o único que não permanece entre os que mais registram novos casos de coronavírus em 2022. No entanto, também é o único entre eles que enfrenta um apagão de dados mesmo em meio a hospitais cheios e procura por testes para detectar a doença. 

Na última semana, a média diária de casos no Brasil foi de 23.338. Ontem, segundo o consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte, foram 53 mil novos diagnósticos de covid, quantidade alta se comparada aos números apresentados nos dias anteriores — na quarta (5), por exemplo, foram 27.578 casos. 

Parte do aumento de notificações se deve a dados represados, que foram se acumulando ao longo do mês de dezembro por causa das dificuldades em acessar o sistema do Ministério da Saúde. A pasta sofreu um apagão no dia 10 de dezembro, há quase um mês, e desde então o sistema ainda não foi normalizado. 

Diante deste cenário, o país desconhece a verdadeira situação da pandemia que enfrenta atualmente, sem saber o total de casos registrados diariamente e também a quantidade de pessoas hospitalizadas pela doença. 

Segundo a Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados), em dezembro de 2021 as unidades de saúde privadas de 10 estados e mais o Distrito Federal tiveram aumento de 655% nas internações por causa da covid-19. Há filas em pronto-atendimentos e corrida por testes em laboratórios e farmácias, que diante da demanda têm lidado com atrasos nos resultados e até mesmo desabastecimentos. 

Enquanto em outros países do mundo a população tem a possibilidade de adquirir autotestes em farmácias, no Brasil este tipo de testagem tem a comercialização proibida. 

"O apagão de dados dificulta planejamento de saúde, da vacinação, enfim, dificulta tudo que é baseado na ciência", disse o epidemiologista Pedro Hallal em entrevista.

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