As negociações em Viena sobre o programa nuclear iraniano estão em uma fase "complicada", mas não em um beco sem saída, afirmou nesta segunda-feira (14), em Teerã, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores.
Nas conversas em curso desde a primavera passada, em Viena, coordenadas pela União Europeia, participam iranianos e as grandes potências (Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia), além dos Estados Unidos de forma indireta.
O objetivo é voltar ao acordo assinado em 2015 pelo Irã e as grandes potências mundiais. Em 2018, o então presidente americano Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo e restabeleceu a maior parte das sanções econômicas americanas contra o Irã.
"As negociações são complicadas e difíceis, pois tocam em assuntos que requerem decisões políticas sérias, em particular de parte de Washington", declarou em Teerã o porta-voz do ministério iraniano, Said Khatibzadeh.
Mas "não há um beco sem saída em Viena", destacou, indicando que um acordo poderia ser fechado em breve "se os interlocutores americano e europeus demonstrarem uma determinação real".
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, informou no Twitter que "acredita fortemente que há um acordo à vista", após um "importante telefonema" com o ministro iraniano das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian.
"Chegou o momento de fazer um último esforço e alcançar um compromisso", disse.
Mas o porta-voz da diplomacia americana, Ned Price, mostrou-se mais prodente.
"Vamos ser um pouco mais circunspectos em termos de avanços", declarou Price à imprensa, em Washington. "Estamos na fase final, decisiva, na qual poderemos dizer se um retorno mútuo" ao acordo de 2015 "é possível", acrescentou.
"Quase não há mais tempo", alertou.
Em resposta à retirada dos Estados Unidos do acordo de 2015 e ao restabelecimento de sanções, o Irã começou a descumprir uma série de restrições a suas atividades nucleares previstas no pacto.
Estas negociações têm como objetivo um "retorno mútuo" de Washington e Teerã ao acordo, que oferece um alívio das sanções contra o Irã em troca de restrições a seu programa nuclear.
"Precisamos de garantias objetivas que nos assegurem que os Estados Unidos não voltarão a abandonar o acordo e que vão cumprir seus compromissos", declarou Khatibzadeh. "Todas as sanções, do tipo que forem, devem ser suspensas ao mesmo tempo".