Anvisa recebeu mais de 450 ameaças após live de Bolsonaro
MUNDO
Publicado em 18/02/2022

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recebeu, desde a aprovação da vacinação contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos, 458 ameaças a técnicos e diretores. Um dossiê com todos os relatos foi entregue pelo diretor-presidente da agência, Antonio Barra Torres, aos senadores, nesta quarta-feira (16). A explosão de relatos ocorreu após o presidente da República, Jair Bolsonaro, cobrar o nome dos responsáveis pela inclusão da autorização, na mesma data em que a agência aprovou o imunizante pediátrico.

"Nas 48 horas após essa live, que ocorre no dia da aprovação das vacinas, o número de ameaças saltou de três para 124. E esse número veio num crescente e permanece, até 14 de fevereiro, em 458 ameaças ou críticas", detalhou Barra Torres, durante participação na audiência pública da Comissão de Direitos Humanos.

Em dezembro, Bolsonaro afirmou que queria divulgar o nome dos integrantes da Anvisa que aprovaram a utilização da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos para que "todos tomem conhecimento" dos nomes responsáveis. 

Apesar de relacionar a fala de Bolsonaro ao aumento das ameaças, Barra Torres afirmou que a diretoria colegiada da Anvisa não estabeleceu um nexo causal entre os fatos, mas uma conexão temporal. "A questão do nexo causal, se há, se não há, obviamente caberá aos instrumentos de apuração abertos tanto na Polícia Federal quanto no Supremo Tribunal Federal. Estamos dando aqui a linha do tempo", ponderou. 

Barra Torres relatou que as mensagens contêm, ainda, críticas "de baixo calão e intimidações". O diretor da Anvisa ressaltou que, antes da live do presidente e antes da aprovação da vacina para crianças, a agência havia recebido duas ameaças, sendo que em uma delas a pessoa se identificou por email. Na época, inclusive, antes de a agência aprovar a vacina, ele conta ter tido uma reunião com o diretor da Polícia Federal em que afirmou que a aprovação do imunizante poderia "ser foco de ações criminosas".

Os emails com ameaças têm sido direcionados para investigação e estão em posse da Polícia Federal, do Supremo Tribunal Federal, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, da Procuradoria-Geral da República, da Procuradoria-Geral do Distrito Federal e do Ministério da Justiça.

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