O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou na tarde de hoje (24) que está empenhado em "proteger e auxiliar os brasileiros que estão na Ucrânia" após a invasão da Rússia no país.
"Estou totalmente empenhado no esforço de proteger e auxiliar os brasileiros que estão na Ucrânia."
Bolsonaro ainda declarou que a embaixada brasileira em Kiev, capital da Ucrânia, segue aberta e está "pronta a auxiliar os cerca de 500 cidadãos brasileiros que vivem na Ucrânia e todos os demais que estejam por lá temporariamente".
Filipe Martins, assessor Especial para Assuntos Internacionais do presidente, também disse no início da tarde que o chefe do Executivo acompanha "de perto" a invasão da Rússia na Ucrânia.
Segundo o assessor de Bolsonaro, o atual mandatário e o Estado Brasileiro buscam soluções alinhadas com a "tradição brasileira de defesa do primado do direito internacional".
"O Presidente e o Estado Brasileiro estão acompanhando a situação de perto e envolvidos na busca de soluções em linha com a tradição brasileira de defesa do primado do direito internacional, sobretudo os princípios da não-intervenção, da soberania e da integridade territorial", afirmou Martins no Twitter.
O assessor também pediu que todos "tomem" cuidado com a atual situação da tensão entre a Rússia e Ucrânia, pois os resultados do conflito podem ser "muito nocivos para o Brasil".
"Tomem cuidado, sobretudo, porque os impactos do que está acontecendo podem ser muito nocivos para o Brasil, afetando nossa vida cotidiana, através dos preços de combustíveis e de alimentos, e o poder relativo do Brasil como celeiro do mundo e potência de médio porte", acrescentou.
Viagem de Bolsonaro à Rússia
Apesar do apelo do assessor e da declaração do presidente, em viagem à Rússia, na última semana, Bolsonaro disse "ser solidário" ao país de Putin, mas não explicou o contexto de tal solidariedade. Na ocasião, o atual mandatário mencionou o clima de tensão na fronteira com a Ucrânia.
Ainda na visita, Bolsonaro declarou que a sua visita à Rússia era "um retrato para o mundo" e mostrou que ambos os países poderiam "crescer muito nas relações bilaterais".
O presidente brasileiro também chamou o seu homólogo russo de "amigo" e disse compartilhar com ele "valores comuns como a crença em Deus e a defesa da família".
As falas de Bolsonaro repercutiram no mundo e Jen Psaki, porta-voz da Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos, afirmou, na última semana, que o Brasil "parece estar do outro lado de onde está a maioria da comunidade global", após ser questionada sobre o apoio do presidente Bolsonaro à Rússia.
Itamaraty pede pacificação
Na manhã de hoje, o Ministério das Relações Exteriores se pronunciou através de nota e pediu uma solução diplomática para resolver a crise da Rússia com a Ucrânia.
"O Governo brasileiro acompanha com grave preocupação a deflagração de operações militares pela Federação da Rússia contra alvos no território da Ucrânia. O Brasil apela à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática para a questão, com base nos Acordos de Minsk e que leve em conta os legítimos interesses de segurança de todas as partes envolvidas e a proteção da população civil", disse o Itamaraty, em comunicado divulgado pela colunista.
O ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos Rubens Barbosa declarou - Tarde que a nota de pacificação do Itamaraty sobre a invasão da Rússia na Ucrânia faria sentido caso o presidente Bolsonaro não tivesse prestado solidariedade ao país de Vladimir Putin em viagem na última semana.
"O Itamaraty optou por essa nota de pacificação, de apelo às hostilidades militares. É uma nota dentro da linha do Itamaraty. Se não tivesse havido o pronunciamento do presidente, dando solidariedade, essa nota estava perfeitamente ajustada à prática do Itamaraty."
Mourão compara Putin a Hitler
O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (PRTB), defendeu hoje (24) a soberania da Ucrânia, apoiou o uso da força na região para conter os russos e comparou o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ao ditador alemão nazista Adolf Hitler (1889-1945).
"O mundo ocidental tá igual ficou em [19]38 com o Hitler, na base do apaziguamento, e o Putin não respeita o apaziguamento", afirmou o vice-presidente aos jornalistas nesta manhã.
"O Brasil não está neutro. O Brasil deixou muito claro que respeita a soberania da Ucrânia."
Mourão afirmou que não é possível permitir que o governo russo invada o país vizinho, para não se repetir o que aconteceu na Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945.