Rússia x Ucrânia: Putin vê 'certas mudanças positivas' nas negociações
MUNDO
Publicado em 11/03/2022

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta sexta-feira (11) que houve algum progresso nas negociações de Moscou com a Ucrânia, mas não forneceu detalhes.

"Há certas mudanças positivas, dizem-me os negociadores do nosso lado", disse Putin em uma reunião com seu homólogo bielorrusso, Alexander Lukashenko, acrescentando que as conversações continuaram "praticamente todos os dias". 

Putin não elaborou, mas disse nos comentários transmitidos pela TV que iria entrar em mais detalhes com Lukashenko. 

O presidente russo também ordenou hoje que seu Exército facilite o envio de combatentes "voluntários", incluindo sírios, para a Ucrânia. 

Segundo o presidente, a medida seria uma resposta à chegada ao país vizinho de "mercenários" de países ocidentais. 

"Se vocês virem pessoas que queiram ir voluntariamente, e não por dinheiro, para ajudar as pessoas que vivem no Donbass (leste da Ucrânia), vocês têm que abordá-las e facilitar para elas a forma de chegar à zona de combate", disse Putin, respondendo a uma proposta de seu ministro da Defesa, Sergei Shoigu. 

De acordo com o presidente, isso se justifica, porque "os sócios ocidentais do regime ucraniano nem sequer se escondem" e reúnem abertamente "mercenários de todo mundo para enviá-los para a Ucrânia".

A Ucrânia anunciou a criação de uma legião de estrangeiros voluntários integrada às suas Forças Armadas para combater os militares russos em seu território.

Há anos, a Rússia é acusada de recorrer a paramilitares privados, como os do nebuloso grupo Wagner, e de implantá-los em territórios de conflito como a Síria, a República Centro-Africana, ou o Mali. 

O governo russo também é acusado de ter formado, desta maneira, a rebelião separatista armada pró-Moscou no Donbass ucraniano em 2014. 

 

Ministros se reúnem, mas sem acordo 

As falas de Putin chegam um dia após uma reunião entre os ministros das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e da Ucrânia, Dmytro Kuleba, no primeiro encontro de nível ministerial entre os dois países desde o início da invasão. 

A reunião ocorreu em Antália, na Turquia, mas não produziu resultados concretos. "Não fizemos nenhum progresso em relação ao cessar-fogo", declarou Kuleba após o encontro. 

O ministro ucraniano ainda disse que seu homólogo russo não estava na Turquia para "tomar decisões". "Parece que há outras pessoas que decidem sobre isso na Rússia", ressaltou.

Por sua vez, Lavrov afirmou que a reunião serviu para confirmar que Moscou "não tem alternativas" e ainda salientou que as negociações "principais" acontecem em Belarus. 

Até o momento, já foram realizadas três rodadas de conversas em território bielorrusso, mas ainda não há data para um quarto encontro. A Rússia exige a desmilitarização da Ucrânia e o reconhecimento da soberania de Donbass e da anexação da Crimeia para interromper sua invasão.

A Ucrânia amanheceu nesta sexta-feira (11) com uma série de ataques da forças russas pelo país. Bombardeios atingiram cidades em diversos pontos do país. Em Dnipro e Lutsk, há relato de mortes. Segundo o governo ucraniano, suas defesas "estão repelindo e retendo a ofensiva das Forças Armadas russas em todas as direções". 

A invasão da Rússia ao território ucraniano chega hoje ao seu 16º dia com a atenção focada para a movimentação russa no entorno da capital, Kiev. 

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