EUA temem que China envie ajuda à Rússia; China diz não se envolver
MUNDO
Publicado em 15/03/2022

A China já decidiu fornecer apoio financeiro à Rússia durante a guerra contra a Ucrânia e considera enviar suprimentos militares, como, por exemplo, drones armados. Esse é o temor dos Estados Unidos, segundo o jornal britânico The Guardian. 

Já a China mantém o discurso de que não vai se envolver no conflito que ocorre no leste europeu e alerta que não pode ser prejudicada pelas sanções aplicadas pelo Ocidente contra a Rússia. 

De acordo com o Guardian, um alto funcionário dos EUA afirmou que o primeiro passo é fazer com que a China recalcule sua posição em relação à guerra. "Não vemos sinal dessa reavaliação. Eles já decidiram que vão dar apoio econômico e financeiro e ressaltaram isso hoje. A questão realmente é se eles vão mais longe". 

"É realmente um projeto de Xi Jinping. Ele está total e fundamentalmente por trás dessa parceria mais próxima com a Rússia", disse o funcionário norte-americano, se referindo ao presidente da China, de acordo com o The Guardian. 

Ao finalizar, ele citou que o processo mais cuidadoso é o diálogo. "Nosso objetivo basicamente é engajar cuidadosamente a China, deixando os europeus saberem [o que estamos fazendo] o tempo todo, mas, se ficar claro que [a China] está se movendo em outra direção, que assim seja." 

De acordo com a rede de TV CBS News, a Rússia pediu apoio militar à China, segundo informação repassada por uma autoridade dos EUA. Na lista de pedidos estariam a assistência financeira e a possibilidade de fornecimento de drones. Russos e chineses negam a informação. 

Segundo a reportagem, militares ucranianos utilizam drones do modelo Bayraktar TB2, fabricados na Turquia, controlados de forma remota e capazes de destruir até tanques de guerra. Os equipamentos estariam sendo usados de forma bastante eficaz, o que levou a Rússia a consultar à China. O governo de Vladimir Putin, diz a publicação, não teria previsto a utilização desse tipo de aeronave no conflito.

 

China diz que não quer ser afetada 

Membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi disse, durante uma conversa telefônica ontem com o ministro espanhol das Relações Exteriores, José Manuel Albares Bueno, que há mentiras sobre a posição da China.

"A China tem o melhor histórico entre os principais países do mundo quando se trata de questões de paz e segurança e continuará a desempenhar um papel construtivo na solução pacífica da crise na Ucrânia em ocasiões multilaterais." 

Wang afirmou também que a China não é parte diretamente envolvida na crise e não quer ser ainda mais afetada pelas sanções. "A China tem o direito de salvaguardar seus direitos e interesses legítimos e legais." 

"Esperamos que a quarta rodada de negociações de paz Rússia-Ucrânia possa alcançar novos progressos aceitáveis", acrescentou. 

 

Reunião dos EUA com a China

De acordo com o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, os soldados russos estariam apresentando "sinais de fragilidade". A afirmação foi feita por Sullivan durante uma reunião de sete horas com Yang Jiechi, principal diplomata da China.

"Foi uma sessão intensa de sete horas, refletindo a gravidade do momento, bem como nosso compromisso em manter linhas abertas de comunicação", disse um alto funcionário do governo dos Estados Unidos. "Esta reunião não foi sobre a negociação de questões ou resultados específicos, mas sobre uma troca de pontos de vista franca e direta", completou. 

Ao ser perguntado se o encontro foi bem-sucedido, ele disse acreditar ser "importante manter linhas abertas de comunicação entre os Estados Unidos e a China, especialmente nas áreas em que discordamos".

Militares russos também estariam pedindo pacotes de ração, destacando seus graves problemas logísticos em um conflito armado mais prolongado e mais difícil do que o previsto. 

 

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