Moradores da Ucrânia estão abalados com relatos de dyversanti, sabotadores e grupos espiões que trabalham para a Rússia e se misturam à população civil para semear confusão e desconfiança durante a guerra. As informações são do jornal The New York Times.
Os relatos também indicam que alguns sabotadores alertam o governo russo sobre possíveis alvos. Há motivos que justificam a suspeita. No primeiro mês da guerra entre Rússia e Ucrânia, o SBU (Serviço de Segurança Ucrânia) diz ter desmantelado 20 grupos de sabotadores, além de prender 350 pessoas.
Os dados foram divulgados pelo porta-voz Artem Dekhtiarenko na semana passada.
"Com esse nível de ansiedade, e tentando encontrar onde está o perigo, mais você imagina coisas quando não sabe quem é a fera."
Valeriy, que preferiu não divulgar seu sobrenome, diz que foi parado e interrogado pela polícia duas semanas após fugir de Kiev para Lviv, uma das cidades ucranianas menos afetadas pela ofensiva russa. Ele contou ao NYT que alguém o denunciou enquanto ele passeava pela cidade e fotograva pontos de Lviv, como praças e igrejas.
O homem diz que os policiais o levaram para o carro e analisaram as fotos recentes do seu celular, além de folhear um caderno de desenho e verificar em quais canais estava inscrito no seu aplicativo de Telegram.
"Eles liam os meus memes para verificar se eu tirava sarro de nós ou deles [ucranianos ou russos]", afirmou Valeriy. Ele foi liberado após os agentes encontraram um meme de soldados russos maltrapilhos e com televisores no lugar da cabeça.
As suspeitas de espiões são particularmente altas em Lviv, perto da fronteira com a Polônia. A cidade se tornou refúgio de ucranianos que buscam segurança e também é rota de quem decide cruzar a fronteira.
O governador regional de Lviv, Maksym Kozytsky, diz que a polícia e administradores atenderam a mais de 17 mil ligações por dia sobre atividades suspeitas nas primeiras semanas da guerra. Os órgãos conseguem responder a cerca de 10% desse volume, o equivalente a mais de mil casos por dia.
Ucranianos podem denunciar suspeitos por telefone ou pelo aplicativo eVorog (um jogo de palavras que significa "há um inimigo"). Segundo dados da Polícia da Patrulha, obtidos pelo NYT, foram 200 mil relatos em 30 dias.
Polícia descobre que aviador de Lutsk é informante russo
A polícia ucraniana descobriu que um aviador amador de Lutsk, a nordeste de Lviv, fornecia informações aos serviços de segurança da Rússia desde 2017. O aeroporto militar de Lutsk foi atingido duas vezes.
"As pessoas estão furiosas", disse Ihor Polishchuk, prefeito de Lutsk. "A pessoa que foi detida se fez passar por ativista cívico".
O prefeito acrescentou que a prisão do homem "aumentou o nível de suspeita de possíveis espiões".
O governo da Ucrânia relatou casos semelhantes de assistência em ataques aos aeroportos militares nas cidades de Ivano-Frankivsk e Vinnytsia.