Segundo um estudo publicado no último dia 24 na revista científica PNAS Nexus, pessoas adeptas ao movimento antivacina — ou seja, que recusam a imunização ou mesmo a vacinar os próprios filhos — são mais propensas a ter sofrido abuso ou negligência infantil.
Com as campanhas de vacinação contra a covid-19, muitos apresentaram um posicionamento contrário à eficácia e segurança das fórmulas, mesmo com a gama de estudos científicos voltados às diferentes fabricantes em vigor, como a Pfizer ou a AstraZeneca, por exemplo.
Cientistas da Nova Zelândia analisaram dados que vinham sendo coletadas desde a década de 1970, através de questionários direcionados à população de uma cidade chamada Dunedin. Os pesquisadores mediram vários fatores sociais, psicológicos e de saúde na vida de cada um dos 1.000 participantes desde a infância, o que ajuda a estudar diferentes impactos que determinados eventos dessa época têm na vida adulta.
Os dados de Dunedin mostraram que 13% dos participantes que hoje em dia são antivacina tiveram experiências adversas na infância, incluindo abuso, negligência, ameaças e privações. A teoria dos pesquisadores é que essas pessoas aprenderam desde crianças a não confiar nos adultos. "Esse tipo de aprendizado nessa idade deixa uma espécie de 'legado de desconfiança'. É tão profundo que automaticamente traz à tona emoções extremas", afirma o artigo.
Os autores também identificaram que os participantes contra a vacina acreditavam que sua saúde estava fora de controle, então não fazia sentido tentar cuidar dela. Aos 18 anos, essas pessoas analisadas já se mostravam mais agressivas e incapazes de absorver informações quando estressadas.
Os autores sugerem que a educação sobre vírus e vacinas antes ou durante o ensino médio pode reduzir o nível de incerteza dos cidadãos durante uma possível próxima pandemia e evitar futuras reações de estresse emocional extremo às mensagens de saúde, comportamento identificado entre as pessoas antivacina que responderam o questionamento.