O Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União) enviou à CGU (Controladoria-Geral da União) uma representação para que sejam apuradas as condutas do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Fundo Amazônia e em questões do meio ambiente, que podem ter "contribuído para o infeliz desaparecimento" do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, que são procurados desde 5 de junho.
Segundo o documento, assinado pelo procurador Lucas Furtado, seria necessário avaliar a "conduta intransigente, temerária, ideologizada e contrária aos interesses nacionais" do governo federal e do Ministério do Meio Ambiente e os possíveis desdobramentos, como o caso de Bruno e Dom.
Furtado também pede apuração sobre o Fundo Amazônia, que, segundo ele, valia US$ 3 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões), mas ficou paralisado durante a gestão de Bolsonaro. Essa verba é destinada à preservação ambiental e desenvolvimento sustentável.
O procurador acusa o governo federal de ter rejeitado contribuições financeiras de países europeus, como Alemanha e Suécia, para aumentar o valor do Fundo.
Caso as suspeitas sejam confirmadas, o órgão pede para que os devidos membros do governo sejam responsabilizados pelas possíveis transgressões. A CGU ainda não respondeu às demandas.
O jornal tenta contato com a assessoria de imprensa da Presidência e do Ministério do Meio Ambiente. Caso haja resposta, o texto será atualizado.
Informações desencontradas
O caso de Bruno e Dom foi marcado hoje por informações desencontradas. No início da manhã, a Embaixada brasileira em Londres teria informado à família do jornalista que o corpo dele foi localizado.
A Polícia Federal, que lidera o caso, negou que os dois homens tenham sido encontrados. "Não procedem as informações que estão sendo divulgadas a respeito de terem sido encontrados os corpos de Bruno Pereira e Dom Phillips", falou em nota.
O texto afirma ainda que "conforme já divulgado, foram encontrados materiais biológicos que estão sendo periciados e os pertences pessoais dos desaparecidos".