Mudança climática ameaça população e economias da América Latina e Caribe
MUNDO
Publicado em 02/08/2022

Os impactos das mudanças climáticas, incluindo secas, tempestades, ondas de calor terrestres e marinhas e derretimento de geleiras, estão afetando a América Latina e o Caribe, da Amazônia aos Andes.

Um estudo publicado pela Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês) nesta sexta-feira, 22, destaca as principais consequências para ecossistemas, segurança alimentar e hídrica, saúde humana e pobreza na região. 

O relatório foi divulgado durante a Conferência Técnica Regional da WMO para países da América do Sul, organizada em Cartagena, Colômbia. Este é o segundo ano em que a organização produz o documento, que fornece aos tomadores de decisão informações mais localizadas. 

Na América do Sul, a degradação da região amazônica ganha destaque pelo papel da floresta no ciclo do carbono. Segundo o levantamento, o desmatamento dobrou em relação à média de 2009 a 2018, atingindo seu nível mais alto desde 2009. Além disso, 22% a mais de área florestal foi perdida em 2021, em comparação a 2020. 

A WMO lembra que o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) mostra mudança nos padrões de precipitação, elevação das temperaturas e áreas sofrendo chuvas fortes. Com o aquecimento e o aumento da acidez dos oceanos Pacífico e Atlântico, um impacto maior deve ser visto na América Latina, ameaçando o abastecimento de alimentos e água.

O agravamento das mudanças climáticas e os efeitos da pandemia não apenas impactaram a biodiversidade da região, mas também paralisaram décadas de progresso contra pobreza, insegurança alimentar e  redução da desigualdade na região. A Amazônia, nordeste do Brasil, América Central, Caribe e algumas partes do México provavelmente verão secas constantes, enquanto os impactos dos furacões podem aumentar na América Central e no Caribe.

O levantamento mostra que riscos hidrometeorológicos, incluindo secas, ondas de calor, ondas de frio, ciclones tropicais e inundações, levaram à perda de centenas de vidas, danos graves à produção agrícola e infraestrutura, bem como deslocamento humano. Segundo o estudo, Andes, nordeste do Brasil e países do norte da América Central estão entre as regiões mais afetadas pelo problema, fenômeno que aumentou nos últimos 8 anos. 

O Escritório das Nações Unidas para Redução do Risco de Desastres registrou um total de 175 desastres durante o período 2020-2022. Destes, 88% são de origem meteorológica, climatológica e hidrológica. Esses perigos foram responsáveis ​​por 40% das mortes registradas relacionadas a desastres e 71% das perdas econômicas. Um exemplo citado pelo relatório são as inundações e deslizamentos de terra na Bahia e em Minas Gerais, que levaram a uma perda estimada de 3,1 bilhões de dólares. 

Para Mario Cimoli, da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), enfrentar esses desafios e seus impactos exigirá um esforço conjunto, com ações baseadas em ciência. “O relatório é uma fonte crítica de informações científicas para a política climática e a tomada de decisões”, diz ele. 

De acordo com a WMO, a América do Sul está entre as regiões com maior necessidade documentada de fortalecimento dos sistemas de alerta precoce, ferramentas essenciais para uma adaptação eficaz em áreas de risco. Segundo a agência, é vital fortalecer a cadeia de valor dos serviços climáticos, incluindo sistemas de monitoramento, gerenciamento de dados, projeções e informações. 

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