A revista britânica The Economist publicou nesta quinta-feira artigo no qual trata o presidente Jair Bolsonaro como uma "ameaça à democracia brasileira", independentemente de ele ganhar ou perder as eleições deste ano. A publicação, que já havia apontado efeito negativo de Bolsonaro sobre a economia brasileira em novembro do ano passado, faz um paralelo entre Bolsonaro e o ex-presidente americano Donald Trump, que não reconheceu sua derrota em 2020.
Bolsonaro aparece na capa da edição desta semana destinada ao resto do mundo, fora da Europa, com a chamada "O homem que poderia ser Trump". A capa também afirma que o presidente brasileiro prepara sua versão da "Grande Mentira", como ficou conhecida a alegação falsa de Trump sobre fraude na disputa, que perdeu para Joe Biden.
O texto afirma que os "instintos" de Bolsonaro são "tão autoritários quanto os de Trump" e que o presidente brasileiro está "constantemente procurando maneiras de destruir as estruturas" da democracia brasileiro. O candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, por outro lado, é classificado como um "esquerdista pragmático" que é "longe de ser o candidato ideal", mas que é "apoiador da democracia".
A revista afirma que todas as pesquisas apontam que Bolsonaro "provavelmente vai perder", mas que o presidente coloca em dúvida a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro "sem nenhuma evidência" e que parece estar preparando o discurso de uma fraude.
A Economist diz que um golpe "provavelmente não vai ocorrer", mas que "algum tipo de insurreição pode". O texto ressalta que Bolsonaro "rotineiramente incita a violência" e que seus apoiadores "estão mais armados do que nunca" devido à política de flexibilização da posse e porte de armas, e que por isso podem atacar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) caso Lula seja declarado vencedor. A dúvida, de acordo com a revista, é de que lado as "forças militares" irão ficar.
Para a revista, "o melhor resultado seria se Bolsonaro perdesse por uma margem tão grande que não pudesse alegar plausivelmente que ganhou". A Economist afirma que outros países deveriam "apoiar publicamente a democracia brasileira, e discretamente deixar claro para os militares brasileiros que qualquer coisa minimamente parecida com um golpe faria o Brasil parecer um pária".
O texto conclui afirmando que os "eleitores brasileiros deveriam resistir ao impulso de um populista declarado" e que o Brasil "merece algo melhor".