Pela primeira vez desde o início de seu governo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) não realizou um pronunciamento de Natal aos brasileiros, em cadeia nacional na TV.
Em 2019, 2020 e 2021, os pronunciamentos foram realizados sempre no dia 24 de dezembro, no horário do Jornal Nacional, por volta das 20h30. Em todas as ocasiões, Bolsonaro apareceu ao lado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
O jornal entrou em contato com a presidência, para entender a decisão de hoje, mas não obteve resposta. Caso haja um posicionamento, esta nota será atualizada.
Bolsonaro tem se mantido recluso desde o fim das eleições, que deram a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Lula e o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), tomam posse no dia 1º de janeiro de 2023, em Brasília.
A última vez em que o presidente falou à imprensa foi em 1º de novembro, no Palácio da Alvorada, ocasião em que não reconheceu o resultado da eleição e terceirizou para o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), a autorização para o começo da transição.
O presidente também tem usado menos as redes sociais e deixou de fazer suas tradicionais lives de quinta-feira. Após o segundo turno do pleito, ele ficou 21 dias sem postar em suas contas no Twitter, Instagram e Facebook.
Relembre as mensagens de natal transmitidas nos outros anos:
Bolsonaro desejou "feliz Natal" aos brasileiros, "mesmo sem carne para algumas pessoas" em 2019. Segundo o presidente, apesar da falta da proteína nos pratos, o Brasil, à época, continuava com "liberdade" e em situação econômica melhor que de outros países, como a Venezuela, onde "nem cachorro tem para comer".
"Vamos acreditar no Brasil, pessoal. Feliz Natal é um gesto, um simbolismo. Feliz Natal para você, mesmo sem carne para algumas pessoas aí, mas continua com a liberdade e temos outras opções. Outros países, que não tomaram a devida providência, as medidas na hora certa, hoje em dia não têm nem ovo. Nem cachorro tem para comer, na Venezuela", disse o presidente, mesmo sem trazer evidências de que essa situação efetivamente ocorra no país vizinho.
O presidente disse que o Brasil era referência no combate à covid em 2020. Ele citou como exemplo o auxílio emergencial e o crédito concedido a microempresas, mas não falou sobre a campanha nacional de vacinação.
"Várias medidas foram tomadas, como o auxílio emergencial, o crédito para microempresas e, com isso, salvamos milhões de empregos. Na saúde, não faltaram equipamentos. Essas ações têm ajudado o Brasil a seguir rumo ao progresso, e se tornar referência a outros países", afirmou.
No ano passado, a primeira-dama dominou a mensagem de Natal, sem citar a pandemia. Bolsonaro citou "muitas dificuldades" enfrentadas pelo seu governo ao longo do ano, sem detalhar quais foram. Em bairros de São Paulo e do Rio de Janeiro, a transmissão foi acompanhada de panelaço.
Nem o presidente nem Michelle mencionaram nominalmente a pandemia de covid-19, muito menos a vacinação de crianças, tema que movimentou o governo Bolsonaro à época. No mesmo dia, o presidente disse que "não estava havendo morte de criança" para justificar decisão emergencial a respeito da imunização infantil.
"Estamos finalizando mais um ano. Um ano de muitas dificuldades. Contudo, não nos faltaram seriedade, dedicação e espírito fraterno no planejamento e na construção de políticas públicas em prol de todas as famílias." Presidente Jair Bolsonaro.