O que poderia ser motivo de surpresa para alguns, na verdade, não passa da confirmação do que cristãos conservadores já sabiam: o governo Lula será favorável ao aborto e defenderá a sua descriminalização ou, no mínimo, a manutenção da legislação atual, sem qualquer ampliação de proteção à vida desde a concepção.
Foi isso o que as ministras da Saúde e da Mulher, respectivamente, deixaram claro em suas primeiras manifestações. O principal argumento utilizado é a narrativa do aborto como questão de “saúde pública”, algo que, na prática, ignora as implicações éticas e humanas sobre o tema.
“Para nós, a questão do aborto é uma questão de saúde pública”, afirmou a ministra Aparecida Gonçalves em uma entrevista para o jornal Folha de S. Paulo, onde também criticou o Estatuto do Nascituro, uma iniciativa conservadora que tramita no Parlamento há anos.
“É importante pensar que nós estamos terminando um ano em que o Estatuto do Nascituro estava aí no Congresso e nós quase perdemos. Se nós tivéssemos perdido ali, naquele debate, o aborto teria sido encerrado de todas as formas”, disse ela.
Gonçalves deixou claro que “o que for possível avançar, nós vamos avançar”, no sentido de ampliar o direito ao aborto no Brasil. Em caso contrário, “se for para retroceder é melhor a gente assegurar o que está garantido em leis.”
Contradição
A nova ministra da Saúde, Nísia Trindade, também já se pronunciou sobre o tema. Ela classificou a agenda do então governo Bolsonaro como algo que “ofendem a ciência, os direitos humanos, os direitos sexuais e reprodutivos e que transforma várias posições do Ministério da Saúde em uma agenda conservadora e negacionista”.
Conforme o GospelMais noticiou esta semana, o pastor Silas Malafaia apontou a contradição das representantes do governo Lula sobre o tema, visto que o petista havia escrito em sua “carta aos evangélicos”, publicada durante a campanha eleitoral, que não promoveria o aborto.
Para o pastor Yago Martins, a defesa do aborto por parte das ministras de Lula caracteriza o primeiro “estelionato eleitoral” por parte do novo governo. Ou seja, primeiro engano contra a população, precisamente os evangélicos.