As equipes de resgate estão intensificando seus trabalhos nesta terça-feira (7/2) no sul da Turquia e no norte da Síria após um grande terremoto ter matado pelo menos 5 mil pessoas.
O primeiro terremoto, originado perto da cidade de Gaziantep, teve 7,8 de magnitude e ocorreu às 4h17 de segunda no horário local (22h17 de domingo, no horário de Brasília), enquanto muitas pessoas dormiam.
Um segundo terremoto, de 7,5 de magnitude, foi registrado perto da cidade de Kahramanmaras às 13h30 de segunda em horário local (7h30 da manhã de segunda-feira, no horário de Brasília). As autoridades disseram "não ser um tremor secundário".
A agência de desastres da Turquia diz que mais de 3.419 pessoas morreram só no país após o primeiro terremoto, e mais de 15 mil ficaram feridas. Na Síria, morreram pelo menos 1,6 mil pessoas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até 23 milhões de pessoas na Turquia e na Síria "estão expostas" aos efeitos do terremoto.
Isso inclui cerca de um milhão de crianças, disse a diretora de Emergências da OMS, Adelheid Marschang.
Além de sofrer com os efeitos de ambos os terremotos, a Síria está com problemas para receber ajuda humanitária da ONU devido a danos nas estradas que ligam a Turquia ao país.
"Esta é uma crise maior do que as várias crises na região", disse Marschang sobre a Síria. Ela diz que as necessidades do país são altas após "quase 12 anos de crise prolongada e complexa, enquanto o financiamento humanitário continua diminuindo".
Esforço internacional de resgate
Países como EUA e Coreia do Sul estão enviando ajuda depois que a Turquia fez um apelo internacional.
A agência de desastres e emergências da Turquia (AFAD) disse que 2.660 funcionários de 65 países foram enviados para ajudar na operação de busca e resgate.
Juntamente com as equipes de resgate da Turquia, 13.740 pessoas já foram designadas para trabalhar na área do desastre. Eles estão usando 629 guindastes e 360 veículos.
A AFAD também diz que uma ponte aérea foi estabelecida e 146 missões de entrega de ajuda já foram feitas.
No total, foram entregues 300 mil cobertores e 41.504 barracas, além de aquecedores e utensílios de cozinha.
Uma representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que o número de mortes pode chegar a oito vezes o contabilizado atualmente.
"Infelizmente, sempre vemos a mesma coisa com os terremotos: os relatos iniciais do número de pessoas feridas ou mortas aumentará significativamente na semana seguinte", disse a oficial sênior de emergência da OMS para a Europa, Catherine Smallwood, à agência de notícias AFP.
Muitas pessoas cujas casas foram destruídas pelos terremotos estão dormindo nas ruas em temperaturas muito baixas.
Este é o maior desastre do país desde 1939, disse o presidente da Turquia, Recep Erdogan.
Contra o tempo e o frio
As equipes de resgate estão correndo contra o tempo, disse à BBC o especialista em cuidados intensivos Richard Edward Moon, da Duke University.
A falta de água e oxigênio são os desafios mais imediatos. Cada adulto perde até 1,2 litros de água diariamente.
"Isso acontece entre urina, exalação, vapor d'água e transpiração, se houver. Quando oito ou mais litros são perdidos, a pessoa fica gravemente doente."
Além disso, Turquia e Síria estão no inverno.
Um adulto médio pode tolerar temperaturas abaixo de 21°C sem que o corpo perca sua capacidade de manter o calor. Mas quando fica mais frio, o corpo precisa trabalhar mais.
Em Gaziantep, onde ocorreu o primeiro terremoto, a previsão do tempo para terça-feira é de temperaturas em torno de 4 a 6°C durante o dia - mas caindo para -7°C à noite. Em algumas cidades nas montanhas, a mínima pode chegar a -15°C.
Na Síria, a previsão é de máxima de 11°C durante o dia e mínima de -3°C, à noite.
"Nesse ponto, a temperatura do corpo se iguala à temperatura do ambiente. O ritmo em que isso ocorre depende do isolamento que a pessoa tem ou de ela conseguir um abrigo subterrâneo. Mas, em última análise, muitas pessoas podem acabar sucumbindo à hipotermia", disse Moon.
O Ministério da Saúde sírio disse que as vítimas morreram nas províncias de Aleppo, Latakia, Hama e Tartus.
Já o ministro do Interior da Turquia, Suleymon Soylu, disse que dez cidades foram afetadas: Gaziantep, Kahramanmaras, Hatay, Osmaniye, Adiyaman, Malatya, Sanliurfa, Adana, Diyarbakir e Kilis.
Um repórter da BBC em Diyarbakir, na Turquia, disse que um shopping center na cidade desabou.
O tremor também foi sentido no Líbano e em Chipre.
Rushdi Abualouf, repórter da BBC na Faixa de Gaza, disse que houve cerca de 45 segundos de tremores na casa em que ele estava hospedado.
A Turquia fica em uma das zonas de terremotos mais ativas do mundo.
Em 1999, mais de 17 mil pessoas morreram depois que um forte terremoto atingiu o noroeste do país.