A Igreja da Inglaterra está analisando se deve parar de se referir a Deus como “Ele” e passar a usar termos neutros, após sacerdotes da instituição religiosa pedirem permissão para adotar a postura. De acordo com o jornal britânico The Guardian, a igreja deve lançar um projeto sobre o tema após o primeiro trimestre de 2023.
Segundo o reverendo Michael Ipgrave, bispo de Lichfield e vice-presidente da comissão litúrgica responsável pelo assunto, a igreja tem “explorado o uso da linguagem de gênero em relação a Deus por vários anos” e, “depois de algum diálogo”, pretende lançar o projeto. Qualquer alteração nas regras, no entanto, precisará ser aprovada pelo Sínodo, órgão decisório da instituição religiosa.
Os comentários de Ipgrave vieram em resposta a uma pergunta feita pela reverenda Joanna Stobart, vigária de Ilminster e Whitelackington, sobre o progresso no desenvolvimento de uma “linguagem mais inclusiva” nas celebrações religiosas.
Com a possível adoção de novas regras de gênero para se referir a Deus, ainda não está claro como a igreja britânica fará para modificar, por exemplo, a oração do Pai-Nosso, que se inicia justamente com a expressão que faz referência ao fato de Deus ser “Pai”.
Críticos da medida, como o reverendo Ian Paul, sustentam que a possível alteração poderia representar um abandono da própria doutrina da Igreja da Inglaterra. Ao The Guardian, ele afirmou que o gênero usado para se referir a Deus não pode ser mudado sem uma perda no significado.
– O fato de Deus ser chamado de “Pai” não pode ser substituído por “mãe” sem alterar o significado (…). Pais e mães não são intercambiáveis, mas se relacionam com seus filhos de maneiras diferentes – completou.