O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) se envolveu numa discussão, após ser questionado sobre o discurso transfóbico que fez no Dia Internacional da Mulher pela ex-BBB Ana Paula Renault, durante um voo na manhã de hoje.
O que aconteceu:
- Deputado e ex-BBB sentaram lado a lado no avião que seguiu do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, ao aeroporto de Confins, em Belo Horizonte. O bate-boca entre os dois mineiros foi gravado pela ex-BBB, que chamou o episódio de "ironia do destino", e publicado nas redes sociais;
- No vídeo, ela questiona se o deputado pretende continuar praticando crimes no plenário da Câmara dos Deputados. "Transfobia é crime, e transfobia mata", alerta.
- Ferreira se defende, repetindo a todo tempo o artigo 53, em referência à proteção da liberdade de expressão dos parlamentares, prevista na Constituição Federal.
- Nikolas foi aplaudido pelos passageiros presentes, disse Ana Paula. Em entrevista ao jornal, ela contou que ouviu pedidos para que calasse a boca e apenas um casal entrou em sua defesa. "Tinha uns 200 passageiros".
"Esse... não vamos chamar de moleque, porque é maior de idade, é homem formado, deputado eleito. Falou em alto e bom som que é a opinião dele e vai continuar emitindo. Eu falei que opinião é uma coisa, e crime é outra. Temos que fazer alguma coisa, para ele, é brincadeira desrespeitar mulheres trans e a comunidade LGBTQIA+."
- Nikolas Ferreira usou a tribuna da Câmara, usando uma peruca loira, para, no Dia Internacional da Mulher, fazer ataques a mulheres trans. Ele debochou, dizendo que "se sente mulher", e que deveria ser chamado de "deputada Nicole" e, por isso, "tem lugar de fala".
- O deputado tentou se defender, pelas redes sociais, negando o crime de transfobia, mas, para isso, usou de novas falas transfóbicas na madrugada de ontem e classificou a reação dos críticos como "histeria e narrativa".
- Transfobia é crime equiparado ao racismo, e pode ser punida com até três anos de prisão;
- Nikolas já responde por transfobia após chamar a deputada Duda Salabert (PDT-MG) de "ele". Duda é uma mulher trans.
"As mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres. Para vocês terem ideia do perigo que é isso, eles estão querendo colocar a imposição de uma realidade que não é a realidade."
Cento e trinta e uma pessoas trans e travestis foram assassinadas no Brasil em 2022, o maior número em todo o mundo pelo 14º ano consecutivo. O número faz parte do "Dossiê Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras", da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais).