Quanto os grandes bancos já perderam com as falências nos EUA
16/03/2023 06:20 em MUNDO

O temor que assombra o setor bancário americano, eclodido pela falência do Silicon Valley Bank (SVB), na sexta-feira, 10, tem tido um reflexo substancial nas negociações de papéis do setor. Desde o dia em que o governo americano fechou o SVB, a crise ganhou corpo com o também fechamento do Signature Bank, no domingo, 12, criando um clima de risco sistêmico que amedronta as instituições financeiras que permanecem de pé. Nos poucos dias que sucederam a falência do SVB, a segunda maior da história dos Estados Unidos, a maioria dos grandes bancos americanos veem suas ações derreteram, como é o caso do Goldman Sachs Group, Bank of America e Citigroup, controlador do Citibank, cujos papéis registram quedas de 6,2%, 5,6% e 3%, respectivamente, em três pregões.

No caso do Goldman Sachs, o maior perdedor entre os três, suas ações foram à cotação de 321 dólares – antes avaliadas em 342 dólares até a última sexta. O JPMorgan se destaca entre seus pares, com cotação valorizada em 1,2% no mesmo período, apesar do momento conturbado.

Por mais que as aflições sobre o setor bancário tenham sido sacramentadas nos EUA, onde a escassez de crédito em razão da alta de juros é apontada como grande vilã, o fenômeno se estende a outras regiões do mundo, incluindo o Brasil. No caso dos grandes bancos brasileiros, o desempenho das ações desde o dia da quebra do Silicon Valley Bank é ainda pior que o registrado por seus equivalentes americanos.

Os bancos BTG Pactual, Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil têm o mesmo direcionamento na bolsa de valores, a baixa. Ao longo dos últimos três pregões – até meados da tarde de terça-feira, 14, esses tiveram quedas de 8%, 5,2%, 5%, 4,9% e 3,8%, respectivamente.

Em face do choque instigado pelos maus ventos americanos, as expectativas do mercado quanto ao futuro das taxas de juros nos EUA e no Brasil foram postas em cheque. Uma vez que os fechamentos do SVB e do Signature Bank são reflexo de uma carência de crédito, as taxas de juros relativamente elevadas praticadas nos dois países passam a ser ainda mais questionadas. A próxima reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) ocorre no próximo dia 22 e, apesar da expectativa predominante por uma elevação de 0,5 ponto percentual nos juros, há quem aposte em um recuo total do banco, algo impensável uma semana atrás. O princípio aplicado ao caso brasileiro é o mesmo, de que a taxa de juros elevada mostra sinais de anacronismo, mas deve ser levado em conta o contexto regional, em que o país se difere dos EUA tanto do ponto de vista econômico quanto regulatório.

Enquanto corre atrás do relógio para entregar o projeto de uma nova âncora fiscal, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, convive com o pessimismo e a discordância do mercado. É o que mostra a mais nova pesquisa Genial/Quaest, publicada nesta quarta-feira. Segundo o levantamento, 98% dos operadores do mercado avaliam que a política econômica do governo Lula está na direção errada

 
 
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