Ciclone no RS: Inmet volta a emitir alerta de chuvas intensas com 'perigo potencial'
08/09/2023 16:44 em MUNDO

Balanço da Defesa Civil do Rio Grande do Sul informa que há 41 mortes confirmadas e 46 pessoas desaparecidas.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) voltou a emitir um alerta para as chuvas intensas no Rio Grande do Sul, desta vez, com grau de severidade descrito como "perigo potencial". O comunicado foi divulgado nesta sexta-feira e vale até 10h de sábado. Neste período, são esperadas chuvas entre 20 e 30 mm/h ou até 50 mm/dia, além de ventos intensos (entre 40 e 60 km/h).

No começo da tarde desta sexta-feira, a Defesa Civil Rio Grande do Sul divulgou um novo balanço sobre a situação no estado. Não houve alteração no número de mortos, que permanece em 41 vítimas fatais. Equipes de resgate ainda fazem buscas por 46 pessoas desaparecidas: oito em Lajeado, oito em Arroio do Meio e 30 em Muçum, o município mais afetado pela tragédia ambiental.

De acordo com o comunicado do governo local, 85 municípios foram atingidos pelo ciclone extratropical. Ao todo, 135.088 pessoas foram afetadas. Dentre elas estão os 3.046 desabrigados e 7.781 desalojados. Outras 2.745 vítimas foram resgatadas.

 

Veja a quantidade de mortos por cidades:

Cruzeiro do Sul: 4

Encantado: 1

Estrela: 2

Ibiraiaras: 2

Imigrante: 1

Lajeado: 3

Mato Castelhano: 1

Muçum: 15

Passo Fundo: 1

Roca Sales: 10

Santa Tereza: 1

 

Estado ainda enfrenta chuvas

Segundo o MetSul, chuvas, ventos fortes e raios atingem as regiões Sul e Leste do estado. Nestes locais, foram registrados alagamentos em diversos pontos, e diversas cidades sofrem com o alto volume de chuva acumulado, como Canguçu (182 mm de chuva até esta sexta-feira), Pedro Osório (181 mm), Capão do Leão (176 mm), Dom Pedrito (170 mm), Alegrete (164 mm), Arroio Grande (160 mm), Pelotas (158 mm) e Rio Grande (151 mm).

Em Alegrete, o nível do Rio Ibirapuitã subiu ao longo das últimas horas, chegando a 10,30 metros na madrugada desta sexta-feira. Ainda segundo o MetSul, bacias de rios com nascentes ou que cortam o Centro, o Oeste e o Sul gaúcho merecem atenção maior a partir de agora.

 

Calamidade pública

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), decretou estado de calamidade pública nesta quarta-feira. O mandatário também alertou, em entrevista coletiva, que mais mortes devem ser confirmadas na medida em que as equipes de resgate conseguirem avançar nos trabalhos. Ele descreveu como "cenário desolador" a destruição que viu nos sobrevoos feitos nas regiões mais atingidas.

— Isso nos toca e dói muito, mas estamos firmes aqui para dar todo o suporte necessário — afirmou Leite.

 

Queda durante resgate

Leite informou, durante coletiva na última semana, que uma mulher morreu durante operação de resgate. A corda que içava a vítima para o helicóptero se rompeu, fazendo com que ela e o policial militar caíssem na água e fossem levados pela força da correnteza.

— Um dos nossos socorristas, policial da nossa Brigada Militar, resgatava uma senhora sobre o rio Taquari e, perto de chegar à aeronave, o cabo se rompeu. Os dois caíram no rio. Esta senhora perdeu a vida. O policial conseguiu ser socorrido e encaminhado para o hospital, com ferimentos, mas sem risco de vida — disse Leite. — Infelizmente, em um destes esforços de resgate, aconteceu o incidente. Lamentamos profundamente — acrescentou o governador.

 

Primeiras mortes

Os primeiros óbitos registrados no RS foram do casal Delve Francescatto, de 50 anos, e Ironi de Fátima Godoi Francescatto, de 44. O carro deles foi arrastado pela correnteza na cidade de Ibiraiaras. Os dois voltavam para casa após terem sido informados de que a residência em que moravam tinha perdido as telhas no vendaval.

Nesta segunda-feira, a Defesa Civil do RS confirmou a morte de Cristiano Schusler, de 41 anos. Ele também teve o carro arrastado pela correnteza na cidade de Mato Castelhano. O veículo foi encontrado no Rio Piraçuce, que transbordou. Uma outra pessoa que estava no veículo conseguiu escapar e sobreviver.

Na mesma data, Neri Roberto Gonçalves da Silva, de 67 anos, morreu em decorrência de uma descarga elétrica, em Passo Fundo. O acidente aconteceu após um temporal ter atingido a cidade. Conhecido como Beto, ele era perito em elétrica e foi encontrado caído no chão de casa.

— O meu pai era a pessoa mais sábia que eu conhecia quando o assunto era elétrica. Morrer dessa maneira foi uma ironia do destino, uma fatalidade — disse o filho da vítima, Iverton Alberto Oliveira da Silva, em entrevista ao Zero Hora.

Moacir Engster, de 58 anos, morreu nesta terça-feira no município de Estrela. Ele foi mais uma vítima de uma descarga elétrica. De acordo com o Correio do Povo, o homem era pai do secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Turismo de Teutônia, Guilherme Moacir Engster. O choque aconteceu quando ele ajudava um vizinho a remover os móveis de casa.

A sexta morte no RS foi confirmada nesta terça-feira pelo governador Eduardo Leite (PSDB). "Lamento a morte de uma mulher em uma tentativa de resgate sobre o rio Taquari. O cabo rompeu e ela e o policial socorrista caíram. Infelizmente, a mulher não resistiu e o policial está gravemente ferido. Meus sentimentos aos familiares das seis vítimas das enxurradas no RS", escreveu.

COMENTÁRIOS