SP: Após temporal, 1,5 milhão estão sem luz; Enel prevê normalização até 3ª
MUNDO
Publicado em 06/11/2023

As chuvas que atingiram o estado de São Paulo na tarde de ontem (3) mataram ao menos seis pessoas. Vários bairros da capital paulista ainda têm imóveis sem energia e sofrem com interrupção no fornecimento de internet, telefonia e até água desde o apagão que teve início por volta das 16h desta sexta-feira. A Enel prevê normalização do serviço até a próxima terça-feira (7), enquanto cerca de 1,5 milhão de pessoas continuam sem luz.

 

O que aconteceu

As mortes causadas pelo temporal foram registradas em São Paulo, Osasco, Santo André, Suzano e Limeira. Na capital, duas vítimas estavam em um carro que foi atingido por uma árvore que caiu. As outras quatro cidades registraram uma morte cada uma, também causadas por quedas de árvores e muros, segundo a Defesa Civil de São Paulo.

 

Entre as vítimas que morreram na cidade de São Paulo, estão um homem e uma mulher que voltavam do trabalho. Em São Miguel, cinco amigos voltavam para casa, quando uma árvore atingiu a parte de frente do veículo em que estavam. Os dois passageiros que estavam na parte da frente, Fernando de Lima Silva, 46, e Edna Maria da Silva, 30, tiveram politraumatismo e morreram. As informações foram divulgadas pela TV Globo e confirmadas pelo UOL.

Outros três homens morreram. Dois foram atingidos por muros em Osasco e outro em Limeira, quando trabalhava em uma obra. O terceiro foi atingido por tijolos e madeirites de uma construção em Santo André, que também cedeu devido ao temporal. As informações foram confirmadas também pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP).

Moradores relatam nas redes sociais falta de luz em várias regiões da capital — que sofreu com ventos que ultrapassaram a velocidade de 100 km por hora. Os clientes fizeram reclamações em resposta a uma publicação da Enel, empresa responsável pela distribuição de energia, durante toda a madrugada.

A falta de energia em algumas regiões começou ontem, por volta das 16h. Há relatos de desabastecimento nos bairros de todas as regiões — como Ipiranga, Vila Mariana, Sumaré, Guarapiranga, Vila Aricanduva, Penha, Vila Alpina, Campo Limpo, Vila Santa Izabel, Butantã, Vila Sônia, na região de Borba Gato, Horto Florestal e Vila Rosa.

Outras cidades da região metropolitana também ficaram sem luz. Os comentários são de ao menos três municípios afetados: Osasco, Santo André e Carapicuíba. No interior, há relatos em Ibiúna e Sorocaba.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) lamentou, por meio das redes sociais, a morte das seis pessoas vítimas das quedas de árvores e muros. "Todo o Estado de São Paulo sofreu com um evento climático extremo, marcado por chuva de grande intensidade e fortes rajadas de vento, sendo a região metropolitana de Campinas a mais atingida", escreveu.

Tarcísio disse também que as equipes da Defesa Civil de São Paulo e do Corpo de Bombeiros prestam apoio aos municípios mais afetados " para restabelecimento de energia e liberação de vias comprometidas pelas quedas de árvores." Segundo ele, equipes da Sabesp "trabalham para restabelecer também o fornecimento de água, que foi impactado pelas quedas de energia."

 

Serviços afetados

A Enel prevê a normalização dos serviços até a terça-feira (7). "Nossa melhor previsão é atender a maioria das ocorrências até terça-feira. Pode permanecer algum caso pontual depois, mas isso é o que podemos pensar como horizonte realista", afirmou Vincenzo Ruotolo, responsável pela área de infraestrutura e redes da Enel Brasil.

Segundo a Enel, cerca de 2,1 milhão de clientes ficaram sem luz no estado de São Paulo. Destes, 620 mil imóveis tiveram a energia reestabelecida. O diretor comercial da Enel, André Oswaldo, disse em entrevista ao Brasil Urgente que os hospitais e escolas estão entre as prioridades no momento. "Amanhã temos o Enem. Estamos com prioridade grande em cima das escolas, porque precisam funcionar bem amanhã", afirma Oswaldo.

O Corpo de Bombeiros continua com equipes em todo o estado hoje (4), segundo a SSP. Foram registrados até a noite de ontem, 1.281 chamados de quedas de árvores (sendo 1.265 após as 16h), dois para enchentes/alagamento e 46 de desabamentos na capital e região metropolitana de São Paulo. Entre 0h e 5h deste sábado (4), as equipes atenderam outras 40 chamadas de árvores nas mesmas regiões.

Os estragos decorrentes das chuvas provocam impactos no fornecimento de luz, água e internet.

A Enel diz que o temporal, com rajadas de vento e granizo, destruiu a rede de distribuição inteira em vários pontos da capital e não dá prazo para retomada dos serviços As regiões mais afetadas, segundo a empresa, são as zonas sul e oeste. "A companhia reforçou as equipes em campo, nos canais de atendimento e no centro de controle e está trabalhando de forma ininterrupta para normalizar o fornecimento de energia para todos", afirmou a Enel, em nota.

"Devido à complexidade do reparo e a necessidade de reconstrução de trechos da rede, o restabelecimento da energia se dará de forma gradual e, em alguns casos, pode levar mais tempo."

-Trecho de nota da Enel

A empresa relatou dificuldade para atender a todos os clientes que enfrentam desabastecimento. Em um comunicado enviado na noite de ontem aos usuários, a empresa disse que estava com "muita procura por atendimento."

Há reclamação ainda de problemas com internet e telefonia na cidade de São Paulo. A Vivo informou que moradores de algumas regiões da cidade de São Paulo podem estar com instabilidade na utilização dos serviços da operadora devido às fortes chuvas que atingiram a capital. "Equipes estão atuando para restabelecer o serviço no menor tempo possível", disse a empresa.

Há registro de falta de água na zona leste de São Paulo. A Sabesp informou que a falta de energia afetou os serviços. A companhia pediu que moradores da capital e Grande São Paulo economizasse água até a normalização do sistema de abastecimento. "Em razão das fortes chuvas na tarde de sexta-feira (3), a falta de energia paralisou instalações e estações elevatórias da empresa, afetando o nível dos reservatórios e, consequente, o abastecimento de água em diversas regiões."

A companhia disse que "está em contato com as concessionárias de energia para restabelecer as instalações o mais breve possível, mas ainda não há previsão de regularização do fornecimento para todas as áreas."

A energia parou de funcionar ontem por volta das 17h e voltou somente às 20h48 no terminal de passageiros no aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo. Nas redes sociais, passageiros publicaram fotos do local às escuras.

O aeroporto, que diz operar normalmente hoje, também suspendeu pousos e decolagens na pista por quase uma hora na sexta. Um jato executivo, modelo Cessna Citation, teve problemas nos freios durante a aterrissagem.

No Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, sete voos tiveram de ser transferidos ontem. Por volta das 18h, porém, pousos e decolagens voltaram a operar normalmente.

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