Derretimento da 'geleira do Juízo Final' é mais alarmante do que se pensava.
MUNDO
Publicado em 23/05/2024

A grande geleira Thwaites, conhecida como "Geleira do Juízo Final" e localizada na Antártida, corre maior risco de derreter do que cientistas acreditavam. Isto porque água salgada e quente passa por vários quilômetros abaixo dela, o que pode torná-la ainda mais vulnerável.
O que aconteceu:
A conclusão faz parte de uma pesquisa realizada por uma equipe de glaciologistas da Universidade de Califórnia, nos EUA, e da Universidade de Waterloo, no Canadá. O artigo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, nesta segunda-feira (20).
Nova informação é alarmante porque o derretimento da Thwaites pode provocar um aumento de 65 centímetros do nível do mar. De acordo com o estudo, água quente do oceano ganhou acesso às cavidades de geleiras devido ao aumento da intensidade de ventos vindos do oeste.
Esses ventos, por sua vez, são resultado da combinação entre o rápido aquecimento global e o esfriamento da segunda camada da atmostera na Antártida.
“Elevação" da superfície da geleira.
Então, a água acumulada nas cavidades e dutos da geleira cria pressão suficiente para elevar os blocos de gelo.
Outro ponto de preocupação é que a água salgada precisa de uma temperatura mais baixa para congelar do que a doce. Apesar da diferença não ser grande — a água doce congela a 0°C enquanto a salgada a -2°C —, ela é suficiente para provocar grande derretimento das geleiras.
Os pesquisadores reuniram dados de março a junho de 2023 pela missão de satélites comerciais da Finlândia, ICEYE.
A frota de satélites da missão forma uma constelação na órbita polar ao redor do planeta. Com a ferramenta, os pesquisadores puderam obter dados em longo prazo. Antes disso, eles tinham apenas informações esporádicas.
Com os novos recursos, foi possível concluir que a geleira apresenta um recuo de 0,5 km por ano. O dado é consistente com os 0,6km/ano observados entre 2010 e 2011 e é metade da taxa observada entre 1992 e 2011, de 1 km/ano.
Eric Rignot, autor líder do estudo, professor da Universidade da Califórnia e cientista da Nasa, acredita que o estudo trará benefícios a longo prazo para modelos de interação entre o oceano e as geleiras. "Se nós pudermos adicionar o processo destacado no artigo, que não é incluso na maioria dos modelos, as reconstruções devem concordar muito melhor com as observações", diz.

 
 
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