BRUXELAS – O ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, voltou a pressionar a União Europeia nesta terça-feira (20) para que reavalie seu acordo de associação com Israel, alegando preocupações com a situação na Faixa de Gaza. Em declaração à imprensa antes de uma reunião do Conselho de Relações Exteriores em Bruxelas, Albares afirmou que "chegou a hora de agir", e que a UE precisa utilizar "todos os instrumentos disponíveis para exercer pressão diplomática sobre Israel".
Albares, alinhado a outros três países – Irlanda, Eslovênia e Luxemburgo –, enviou uma carta à nova chefe da Diplomacia da UE, Kaja Kallas, e à comissária Hadja Lahbib, pedindo que o bloco ative o Artigo 2º do acordo com Israel, que condiciona as relações bilaterais ao respeito pelos direitos humanos.
Sem poupar críticas, o chanceler espanhol classificou a atual operação militar de Israel como “sem sentido”, acusando o governo israelense de impedir deliberadamente a entrada de ajuda humanitária e provocar “fome induzida”. Ele afirmou ainda que a intenção de Israel seria “transformar Gaza em um vasto cemitério” – uma acusação grave, que ignora o contexto do conflito e a ação do grupo terrorista Hamas, que controla a região e frequentemente utiliza civis como escudos humanos.
A carta, segundo fontes diplomáticas, repete o tom adotado anteriormente pela Espanha e Irlanda em ocasiões anteriores, sem resposta por parte da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. A Holanda, embora também tenha pedido uma reavaliação do acordo, deixou claro que não apoia a ruptura do diálogo com Tel Aviv.
Albares subiu o tom ao declarar que "o tempo das palavras acabou", exigindo uma ação imediata da UE para "quebrar o bloqueio israelense" e "pôr fim à guerra". Em sua retórica, o ministro chegou a comparar a situação de Gaza com a guerra na Ucrânia – uma analogia polêmica, considerando que Israel responde a ataques diretos e sistemáticos promovidos por um grupo reconhecido internacionalmente como terrorista.
O chefe da diplomacia espanhola ainda reforçou seu apoio à criação de um Estado palestino como a única solução para a paz na região. Segundo ele, “a forma como a Europa reage à crise de Gaza compromete sua credibilidade e sua dignidade perante o mundo”.
A fala de Albares reflete uma crescente pressão de setores progressistas dentro da União Europeia para adotar uma postura mais crítica contra Israel, mesmo diante de um cenário geopolítico complexo em que a segurança do Estado judeu continua ameaçada por organizações extremistas.
