FUGAS DAS GRANDES CIDADES
MUNDO
Publicado em 20/10/2020

A fuga das grandes cidades para a natureza emerge durante a pandemia

Estadão Conteúdo

É como disse Manuel Bandeira, “Vou-me embora pra Pasárgada, Lá sou amigo do rei.” Com a crise de saúde em decorrência do novo coronavírus, o ano foi marcado por inúmeras mudanças sociais, entre elas o deslocamento de uma parte mais rica da população das grandes cidades para locais mais isolados e próximos à natureza. Tal fluxo é certamente uma consequência das medidas de isolamento social que intensificaram o trabalho e estudo a distância. O movimento é uma tendência global. Nos Estados Unidos, uma pesquisa do Pew Research Center publicada em julho constatou que 22% dos entrevistados se mudou ou é próximo de alguém que se transferiu de moradia na pandemia. Desse total, 3% afirmam que a mudança é definitiva.

 

Naia Ceschin é artista plástica, paulistana que passou a vida morando na capital. Mas, durante a quarentena, isolou-se no litoral com a família. “Quando começou a pandemia, alugamos uma casa na praia e ficamos morando lá um tempo. Depois, também fui para a Bahia, onde moram familiares, e fiquei um mês por lá. Essa situação toda me fez repensar a maneira como vivemos e como é importante para mim estar perto da natureza. Algo que na correria do dia eu não percebia”, revela. Designer gráfica e ilustradora, Ceschin tem a fauna e a flora como suas principais fontes de inspiração, elementos que ganham suas obras em cores e formas. Durante a quarentena, compartilhou em seu Instagram uma série de trabalhos com a hashtag Quarantine Drawings, que significa desenhos de quarentena, em tradução livre. Imagens que exploram temas relacionados ao meio ambiente e à família. “Tenho uma filha pequena e estou grávida do segundo. Vê-la correndo livre, respirando ar puro e tendo esse contato diário com a natureza não tem preço”, comenta.

 

Também isolada no litoral, Andrea Bisker, consultora especializada em tendências e inovação e nome à frente das empresas Spark:off e Stylus, viu a possibilidade de estar longe de São Paulo durante a maior parte do tempo como uma oportunidade de experimentar uma dinâmica diferente. “O meu trabalho, do meu marido e a escola dos meus filhos impediam essa mobilidade, com a educação a distância e o advento do home office, pude viver essa experiência. Tem sido espetacular, pois tem a ver com a liberdade de estar onde você quiser, estar em contato com a praia e com a natureza, descobrindo novas histórias, conhecendo pessoas, provando diferentes tipos de comida. Na praia até a forma de se vestir muda completamente”, explica.

 

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