Geleiras na China derretem em ritmo “chocante”
Recuo das geleiras de Qilian entre 1990 e 2010 foi 50% mais rápido do que entre 1956 e 1990, apontam dados da Academia de Ciências da China
Um recuo de cerca de 450 metros desde a década de 1950: este é o saldo da crise climática sobre as geleiras nas montanhas de Qilian. Essa cadeia de 800 km fica na borda nordeste do planalto tibetano, região conhecida como o Terceiro Polo devido à grande quantidade de gelo. Entre 1990 e 2010, o recuo das geleiras foi 50% mais rápido do que entre 1956 e 1990, segundo dados da Academia de Ciências da China. Em alguns trechos, a perda de espessura chega a 13 metros. Perto de Dunhuang, que já foi um grande cruzamento na antiga Rota da Seda, a água que flui das montanhas formou um lago no deserto pela primeira vez em 300 anos, informou a mídia estatal chinesa.
Desde 1950, as temperaturas médias na área aumentaram cerca de 1,5°C. As perspectivas não são boas para as 2.684 geleiras na região de Qilian e os moradores que dependem de sua água para agricultura e pecuária. Para Shen Yongping, especialista da Academia de Ciências da China, o degelo pode atingir o pico em uma década. Depois disso, ele diminuirá drasticamente, elevando as chances de crises hídricas. “Em toda a região, a água do degelo glacial está se acumulando em lagos e causando inundações devastadoras, disse o ativista do clima e energia do Greenpeace no Leste Asiático, Liu Junyan.
Em tempo: Um novo estudo publicado na revista “Science Advances” e noticiado pelo “The Washington Post” sugere que no Alasca o permafrost é menos abundante e mais frágil do que se achava. Os pesquisadores ainda não sabem o motivo, mas as consequências são graves tanto para a população local quanto para o planeta. As comunidades indígenas que vivem nas proximidades correm o risco de perder suas casas por causa da erosão. A atmosfera, por sua vez, pode receber quantidades ainda maiores de gases de efeito estufa.