Desde quando a primeira criptomoeda foi criada, o mercado de ativos digitais mudou muitolguns países avançaram mais que outros na consolidação deste mercado e no desenvolvimento da criação de uma moeda digital própria. Estas moedas próprias emitidas por um Banco Central são conhecidas como CBDCs (Central Bank Digital Currency). A principal diferença entre as CBDCs com as criptomoedas tradicionais, como o Bitcoin, é que elas representam um ativo controlado pelo governo, assim como o dinheiro físico e não são controladas por sistemas independentes e descentralizados iguais aos ambientes de mineração.
Para analisar e refletir sobre isso, a Blue Benx - fintech especializada no mercado de ativos digitais, security tokens e iniciativas na blockchain - listou os principais países que estudam o lançamento de suas CBDCs e quais estão mais à frente neste processo.
Bahamas
As Bahamas é o país que está no topo da lista por estar mais próximo da criação de uma moeda digital. O país anunciou que até o final outubro deve lançar a sua própria CBDC, estando a frente de grandes potências como EUA e China. Após testes, a moeda digital será lançada como nome de “Sand Dollar” ou Dólar de areia e terá valor de 1 para 1 em relação ao dólar das Bahamas.
Inicialmente, a autoridade monetária das Bahamas terá em seu balanço 48 mil Sand Dollars. A iniciativa vem para democratizar o acesso dos residentes do arquipélago das Bahamas a um sistema de pagamentos nacional.
China
Desde 2016, a China planeja implementar sua própria moeda digital. O país possui grande interesse em lançar uma versão digital do yuan e por isso a potência está mais à frente neste projeto do que os EUA. Mesmo com poucas informações detalhadas a respeito do cronograma de lançamento, a China poderá ter sua moeda mais cedo do que esperado, podendo ser utilizada oficialmente durante as Olímpiadas de Inverno, em 2022.
No início de outubro deste ano, o PBoC (Banco Central da China) processou milhões de transações no valor de 1,1 bilhões de yuans, equivalente a cerca de US$ 160 milhões, em sua moeda digital.
EUA
O Banco Central dos EUA, Federal Reserve - FED, tem trabalhado ativamente em conjunto com outros bancos para lançar o dólar digital. Com o planejamento, o objetivo é que cada americano tenha sua própria conta digital no FED podendo realizar transações por meio do sistema do banco.
Lael Brainard, membro do Conselho do FED de São Francisco, afirmou em um discurso sobre o tema em agosto que a instituição tem se atualizado com pesquisas e experimentação de tecnologias blockchain e usos potenciais para moedas digitais. Tais estudos para criação do dólar digital estão sendo desenvolvidos em parceria com o MIT.
União Europeia
Todos os países que utilizam o Euro poderão ter acesso a sua versão digital daqui uns anos. O Banco Central Europeu tem desenvolvido estudos e testes para adoção do Euro Digital e a previsão é que em 2021 estes ensaios sejam mais frequentes. A presidente do BCE, Christine Lagarde, explicou que o sistema de blockchain e a adoção de uma CBDC na União Europeia poderá melhorar o sistema de pagamentos e transações financeiras, mas isso não significa que o Euro físico vai acabar de uma vez, já que a moeda digital será complementar e o objetivo principal é fortalecer ainda mais a moeda a nível internacional.
Outros bancos centrais de alguns países da Zona do Euro também estudam soluções nesse sentido, um exemplo é a Itália, Holanda e França.
Canadá
O Bank of Canada possui uma área dedicada ao estudo da segurança e implementação de uma moeda digital, mas o órgão já deixou claro que a emissão de uma CBDC ainda não faz parte de um plano futuro e a criação de uma moeda própria só acontecerá caso o sistema de pagamentos mude e ocorra a necessidade de utilização deste tipo de ativo.
Mesmo assim, o Banco Central do Canadá tem implementado um portfólio de iniciativas que vão auxiliar na preparação do país para quando houver a necessidade real de ter uma moeda digital própria.
Em 2017, o país lançou o projeto Jasper, que representa um marco na indústria de pagamentos. Esse projeto é realizado em parceria com a Accenture, JP Morgan, Autoridade Monetária de Cingapura, HSBC e outras empresas. Ainda, estão trabalhando em parceria com o BIS (Bank for International Settlements) para promover a inovação em fintechs dentro dos ambientes dos bancos centrais, o que contribui mais ainda para a inovação neste mercado.
Brasil
No Brasil, o tema CBDC começou a ser abordado em 2017 e de lá para cá a discussão evoluiu entre estudos e planejamentos para sua concretização.
Em 2018, o projeto ‘’Currency in the Digital Era” foi lançado como parte de um estudo do Bacen para implementação de uma moeda digital. Já em 2019, durante o Fórum Oficial das Instituições Monetárias e Financeiras (OMFIF), o Brasil juntamente de outras nações reconheceram que seria inevitável a criação de uma moeda digital e com isso as discussões sobre o tema se intensificaram.
Neste ano, após a chegada do Pix, nova tecnologia para pagamentos instantâneos do Banco Central, o presidente da instituição, Campos Neto, afirmou que teremos uma moeda digital nacional ainda em 2022. Para isso, foi criado um grupo de estudos para analisar a implantação da tecnologia dentro da política fiscal e econômica.
Estônia
No início de outubro de 2020, o Banco Central da Estônia lançou um projeto de pesquisa para sua moeda digital. A ideia inicial do país é utilizar a rede blockchain KSI, já utilizada pelo governo, para operacionalizar o projeto de digitalização de sua moeda digital nacional. O cronograma prevê a execução em fases que ocorrerão em cerca de dois anos e contará com participação do setor privado em seu desenvolvimento.
Japão
Em março deste ano, no Fórum Futuros de Pagamentos, o vice- governador do Banco Central do Japão (BOJ), Masayoshi Amamiya, afirmou que as moedas digitais possuem pouco mérito e que seu país não precisaria de uma própria. Porém, em julho, após diversas nações implantarem esta possibilidade, o BOJ lançou um relatório com as características e desafios para implantar a moeda digital Iene.
O relatório “Obstáculos Técnicos para uma CBDC” contém os objetivos de como testar a funcionalidade da moeda em ambientes controlados, além de oferecer acessibilidade para o uso de todos os cidadãos, mesmo aqueles que não possuam smartphones, e também verificar a possibilidade do uso offline, em situações de instabilidade e falta de energia. Além disso, o país deseja utilizar a tecnologia em redes centralizadas e descentralizadas.
Inglaterra
A estratégia utilizada pela Inglaterra foi abrir consulta pública, por meio de um documento de discussão divulgado pelo Bank of England - BoE (Banco Central da Inglaterra) em março deste ano.
No documento “Central Bank Digital Currency – Opportunities, challenges and design”, similar ao Japão, o BoE aponta uma série de indicadores sobre o futuro do dinheiro e das transações eletrônicas, além de destacar os prós e contras da digitalização da moeda. As indagações ao público vão desde como projetar um sistema CBDC até qual tecnologia usar.
Coréia do Sul
O Banco Central da Coreia do Sul já entrou na fase de testes de sua moeda digital, o “Won digital”, segundo comunicado no jornal Korea Times em agosto deste ano.
A fase piloto do projeto foi concluída em julho e, apesar de não ter uma data oficial para lançamento da moeda digital, a ideia é ter as bases técnicas consolidadas para o momento oportuno de lançar o won digital.
França
O Banque de France (Banco Central da França) realiza testes com sua moeda digital desde 2018. Em abril de 2020 a instituição lançou um programa experimental para implementação do Euro Digital para solucionar problemas de compensação de pagamentos de ativos financeiros. Nesse contexto, o banco fez uma chamada pública para que pesquisadores pudessem se candidatar e enviar propostas de soluções nessa área.
O projeto conta com a participação de bancos e empresas de tecnologia como Accenture, Euroclear, HSBC, Seba Bank, Société Générale, Liquidshare e outros.
Fonte: BlueBenx