Covid: a conta dos mortos
MUNDO
Publicado em 20/04/2021

Ontem li estas linhas do comentário de PcPons em resposta a Maria:

Quando você fala que “pessoas idosas que morrem de câncer são desavergonhadamente constatadas com Covid” ou “até braço quebrado com complicações muito comuns nos hospitais brasileiros conhecidas como “infecção hospitalar” que pode levar à morte são atestadas com Covid.”, você tem alguma fonte? Ou mesmo um link de uma discussão em algum fórum?

Li e fiquei curioso. Além da “confissão” duma médica que conheço pessoalmente, não tinha fontes que pudessem ser apresentadas. Pelo que: toca procurar. E tive sorte.

Um artigo do blog American Thinker do passado mês de Agosto trata mesmo deste assunto, com fontes. Vamos traduzi-lo:


Explicação dos números errados da morte de Covid

de Dennis McGowan

Para muitos de nós que tivemos de lidar com as normas e os procedimentos científicos envolvidos no registo de mortes, tem havido uma séria sensação de dúvida sobre os números de mortos do Covid 19 relatados nos meios de comunicação social, cortesia dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças [o CDC, ndt]. Os números parecem situar-se algures entre marginalmente sobreavaliados e grosseiramente exagerados. No final, estes instintos foram apoiados por um artigo científico revisto por pares.

Em 12 de Outubro do ano passado, foi publicado um artigo de 25 páginas em Science, Public Health Policy and The Law que explicava, em pormenor, a razão básica para os números de mortalidade anunciados publicamente e o mecanismo pelo qual estes foram obtidos. Este artigo, escrito por dez membros da comunidade científica, foi intitulado Covid-19 Data Collection, Comorbidity & Federal Law: A Historical Perspective (“Recolha de Dados Covid-19, Comorbidade e Direito Federal: Uma Perspectiva Histórica”). O cerne da questão é o CDC e os seus métodos de recolha de dados e de apresentação de relatórios, um modelo que foi radicalmente alterado face à crise actual.

Em 2003, o CDC tinha desenvolvido e publicado uma série de documentos de orientação utilizados pela comunidade forense intitulados Medical Examiners’ and Coroners’ Handbook on Death Registration and Fetal Death Reporting (“Manual de Médicos Examinadores e Legais sobre Registo de Óbitos e Notificação de Óbito Fetal”) e Physicians’ Handbook on Medical Certification of Death (“Manual do Médico sobre Certificação Médica de Morte”). Estes textos têm sido a norma para a certificação de mortes, a nível nacional, durante dezassete anos. No entanto, em Março de 2020, as coisas mudaram.

O Centro Nacional de Estatísticas da Saúde divulgou o Alerta nº 2 do Covid-19, que mudou a forma como as mortes com ligações à Covid 19 foram relatadas e tabeladas. A linha reveladora no documento está no último parágrafo:

Should “COVID-19” be reported on the death certificate only with a confirmed test?

COVID-19 should be reported on the death certificate for all decedents where the disease caused or is assumed to have causedor contributed to death. Certifiers should include as much detail as possible based on their knowledge of the case, medical records, laboratory testing, etc.  If the decedent had other chronic conditions such as COPD or asthma that may have also contributed, these conditions can be reported in Part II.

[Tradução em português, ndt]:

A “COVID-19” deve ser reportada na certidão de óbito apenas com um teste confirmado?

A COVID-19 deve ser reportado na certidão de óbito para todos as mortes onde a doença causou ou se assume que causou ou contribuiu para a morte. Os certificadores devem incluir o máximo detalhe possível com base no conhecimento do caso, registos médicos, testes laboratoriais, etc.  Se o falecido tinha outras condições crónicas, tais como DPOC ou asma que também possam ter contribuído, estas condições podem ser relatadas na Parte II.

Isto alterou os parâmetros para incluir as mortes “com” Covid, aumentando substancialmente os números.

Um quadro no estudo de Outubro intitulado Comparison of Total Covid-19 Fatalities Based Upon Different Reporting Guidelines (“Comparação do Total das Fatalidades Covid-19 com Base em Diferentes Directrizes de Comunicação”) mostrou que as mortes até 23 de Agosto de 2020 foram mais de 16 vezes superiores à definição tradicional. Se a comunicação destas mortes tivesse seguido a orientação do CDC de 2003, o número de mortes para Covid teria sido 9.684. No entanto, utilizando este novo método de relatório e classificação aplicado exclusivamente ao Covid-19, o número de mortes é de 161.392.

O documento aborda uma variedade de outros tópicos, alguns legais e alguns estatísticos, todos eles inerentes funções da alteração dos parâmetros de comunicação de morte iniciada pelo alerta de Março de 2020. No entanto, para os muitos de nós que tivemos dúvidas sobre os números reais, saber que o cálculo para registar estas mortes tinha sido alterado é reconfortante. Tendo passado um ano a olhar para os números da morte da Covid e assumindo que a contagem verdadeira era mais provável que fosse metade ou um terço do que estava a ser relatado, este novo relatório é simultaneamente satisfatório e surpreendente. Nenhum de nós teria adivinhado que a disparidade real seria que o número de mortes de Covid, de acordo com este estudo, é um pouco inferior a 6% dos números relatados nos meios de comunicação social.


“para todos as mortes onde a doença causou ou se assume que causou ou contribuiu para a morte”

Esta linha confirma quanto suspeitado há muito: já não há distinção entre mortes “de” ou “com” Covid, agora são todas mortes “de Covid”. Mas as linhas-guia da CDC vão um pouco além disso, incluindo na “Covid” todos os óbitos em que o operador sanitário simplesmente “assume” que o coronavírus possa ter provocado ou contribuído para a morte, sem a obrigação de apresentar um teste probatório. Claro que assim fica facílimo aumentar os números das estatísticas e “demonstrar” que a Covid-19 é uma doença “terrível”.

As novas linhas-guia do CDC foram implementadas duma forma similar em outros Países também? Não seria correcto assumir esta como uma realidade e pessoalmente duvido que isso tenha acontecido, pelo menos duma forma tão flagrante: mas não esquecemos que aqui falamos dos Estados Unidos de América, segundo as estatísticas o País do mundo mais atingido pela “pandemia” em termos de óbitos.

O que isso significa? Os autores do citado estudo, na tabela publicada na página 20 do documento (Comparison of Total Covid-19 Fatalities Based Upon Different Reporting Guidelines), partem dos dados fornecidos pelo CDC para aplicar as “velhas” regras do CDC e calcular que apenas 6% das mortes registadas como “de Covid” são devidas ao Coronavirus. O que traz estes resultados:

  • com as novas linhas-guia, as mortes nos EUA são agora 577.179.
  • com as linhas-guia utilizadas antes de Março de 2020, as mortes nos EUA seriam 34.630.

Assumindo como válida a tese apresentada no documento (ou seja: que com as “velhas” regras do CDC os mortos “de” Covid seriam 6% dos óbitos registados), o resultado é que, ao nível global, as mortes já não seriam 2.971.864 mas 2.429.315. Meio milhões de mortos “desaparecidos”.

Como termo de comparação, reportamos o números das mortes por gripe sazonal nos últimos anos segundo os dados oficias do CDC:

Estimativa da Carga da Doença da Gripe, por época

Estados Unidos, época de gripe de 2010-11 a 2019-20

Época Mortes (estimativas)
2010-2011 37.000
2011-2012 12.000
2012-2013 43.000
2013-2014 38.000
2014-2015 51.000
2015-2016 23.000
2016-2017 38.000
Estimativas preliminares Mortes (dados preliminares)
2017-2018 61,000
2018-2019 34,000
2019-2020 22,000

Mortes “de” Covid com as “velhas” regras do CDC: 34.630. Como uma gripe sazonal. E nem das piores.

Nada disso é novidade: há mais de um ano, nestas páginas publicámos a notícia (na altura partilhada pelo diário La Stampa) relativa às análises de 2.003 registos médicos, análises efectuadas pelo Ministério da Saúde italiano. Na altura, dos 2.003 mortos “de” Covid apenas doze (12) não tinham patologias anteriores capazes de justifica o óbitos.

É importante realçar como neste caso específico (Italia) os protocolos para o registo de óbitos não tinham sido alterados como no caso da americana CDC. Estamos a falar da mesma altura dos factos de Bergamo e Brescia, com oficialmente mais de 30.000 mortos “de” Covid. Naqueles dias o Ministério começou a analisar com mais cuidado as fichas dos pacientes falecidos, chegando à conclusão que apenas uma percentagem muito limitada dos óbitos (acerca de 3%) tinha sido realmente provocada pelo vírus. Repetimos: 30.000 mortos “de” Covid comunicados pelos hospitais apesar dos protocolos para o registo de óbitos serem os mesmos do que antes.

 

O que mudou depois? Não sabemos. No caso italiano o Ministério deixou de analisar as fichas, nos caso dos EUA oficialmente nem há recolha ou análise dos dados (só o sistema VAERS). E todos os mortos “com” Covid passaram alegremente a ser “de” Covid…

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