Reino Unido: 60-70% dos novos casos são vacinados. E a imunidade de rebanho...
MUNDO
Publicado em 07/05/2021

Senhoras e senhores: marcha-atrás. Imunidade de rebanho? Não serve. Palavra de Anthony Fauci, como relatado pelo diário italiano Corriere della Sera:

Deixámos de utilizar este limiar quase místico

As infecções diminuem de qualquer forma, assim como as hospitalizações e as mortes. A chave? A vacina. Portanto esqueçam a imunidade do rebanho que provavelmente não será alcançada. Continua o diário:

Agora que mais de metade dos adultos nos Estados Unidos foram inoculados com pelo menos uma dose de uma vacina Covid-19, e um terço estão totalmente vacinados, paradoxalmente há um número crescente de vozes académicas que excluem a possibilidade de em breve chegarmos ao que no ano passado, quando estávamos longe do objectivo, parecia um horizonte distante, mas a ser absolutamente conquistado: a imunidade do rebanho.

Mas como é que todos ficámos convencidos da necessidade de alcançar tal objectivo? Simples:

Um paradoxo que se deve ao facto de que na altura nem sequer sabíamos quando (e se) uma vacina estaria disponível, mas estávamos convencidos de que mais cedo ou mais tarde nos daria o “limiar” mágico da imunidade do rebanho (aquela quota de pessoas vacinadas que interrompe a circulação de vírus, protegendo de facto mesmo aqueles que não vacinam).

Portanto: enganámo-nos a nós próprios, culpa nossa. Ficamos convencidos, quem sabe por qual obscura razão, de que a imunidade de rebanho era uma coisa útil quando na verdade não presta. Até que podemos afirma-lo com toda a tranquilidade: a imunidade de rebanho é estúpida quando houver uma vacina, melhor esquece-la.

Agora que a vacina está lá, precisamente nos Países mais avançados com a campanha de vacinação, a imunidade de grupo já não “importa” e a “coexistência” com o vírus torna-se possível. Mesmo que as percentagens de vacinação sejam ridiculamente baixas, como é o caso de Portugal por exemplo. Provavelmente foi suficiente mostrar ao vírus da Covid a vacina para que o bicho entrasse em depressão.

Depois as cosias mudaram, continua o Corriere:

Em primeiro lugar, há o cálculo da percentagem de pessoas que servem de limiar: foi inicialmente estimado em cerca de 60-70% da população. A variante predominante que circula actualmente nos EUA, Itália e grandes partes da Europa, a variante inglesa (B.1.1.7), é cerca de 60% mais transmissível. Como resultado, os peritos calculam agora que o limiar de imunidade subiu para pelo menos 80%. Se se desenvolverem variantes ainda mais contagiosas, ou se se verificar que as pessoas vacinadas ainda podem transmitir o vírus, o cálculo terá de ser revisto novamente para cima.

Pois: o SARS-CoV-2 original ficou deprimido mas as variantes são obtusas e não percebem que a vacina é a arma final. Assim o limiar aumenta e já está na casa do 80%. Mais uma par de variantes e a imunidade de rebanho só será possível com 100% da população vacinada. Ou até 110 %, quem sabe? Todos vacinados: idosos, jovens, crianças.

Não esqueçamos, então, que a imunidade do rebanho nunca estará completa sem a vacinação das crianças: se não fosse possível vaciná-las, seriam necessários muitos mais adultos para atingir a quota útil para a imunidade do rebanho, basta pensar que nos Estados Unidos quase 24% das pessoas são menores de 18 anos. As empresas farmacêuticas estão a preparar ensaios clínicos, mas precisarão de tempo e de campanhas de informação ad hoc.

As crianças, óbvio. Crianças e variantes também, estes são os problemas:

As variantes circulantes são uma das incógnitas que terá maior impacto no cálculo do limiar. A outra é quanto tempo durará a protecção oferecida pela vacina ou infecção.

Porque ainda não sabemos quanto tempo dura a imunidade oferecida pelas vacinas. Acontece quando forem utilizados produtos experimentais. Sensação pessoal: a imunidade dura pouco, um ano, máximo dois. Depois é só vacinar todo o planeta, outra vez e para sempre. Simples e eficaz.

Voltemos às declarações de Anthony Fauci, o principal conselheiro da administração ZomBiden no caso Covid-19:

As pessoas pensavam que nunca seríamos capazes de reduzir as infecções até atingirmos este nível ‘místico’ de imunidade do rebanho, independentemente do seu número. Foi por isso que deixámos de utilizar a imunidade do rebanho no sentido clássico. Vamos esquecer isto por um segundo. Se vacinarmos pessoas suficientes, as infecções diminuirão.

Portanto: esqueçam a imunidade de rebanho, a vitória final passa pelas vacinas. Entreguem-se sem medo à vacina porque esta é a arma total capaz de derrotar o maléfico vírus. Ou de reforça-lo.

Reino Unido: 60-70% dos novos casos são vacinados

O Dr. Harvey Risch explica:

O que os médicos me dizem é que mais de metade dos novos casos de Covid que estão a tratar são de pessoas que já foram vacinadas. Estimam que 60% dos novos pacientes que trataram são pessoas que foram vacinadas.

Risch não é um médico qualquer: é Professor de Epidemiologia no Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública na Escola de Saúde Pública de Yale e na Escola de Medicina de Yale; foi membro da faculdade de Epidemiologia e Bioestatística da Universidade de Toronto, é editor associado do Journal of the National Cancer Institute, editor do International Journal of Cancer e foi durante seis anos membro do Conselho de Editores do American Journal of Epidemiology. Inclusive, Risch é autor de mais de 330 publicações de investigação originais revistas por pares na literatura médica.

Assim continua:

Têm medo que se disserem que esta vacina é apenas 50 ou 60 por cento eficaz … então as pessoas não o farão.

E isso é mau: é preciso convencer as pessoas de que as vacinas só fazem bem. Mesmo que existam estudos oficiais que demonstram o contrário. É o caso do trabalho publicado nas páginas internet do governo britânico: o aumento de mortes e hospitalizações devido ao vírus da Covid-19 é constituído por pessoas que já receberam duas doses de vacinas.

O estudo é muito claro. Com o título de SPI-M-O: Summary of further modelling of easing restrictions – Roadmap Step 2, 31 March 2021 (“SPI-MO: Resumo de outras modelizações das restrições de aligeiramento – Roteiro Passo 2, 31 de Março de 2021”), na página 10 afirma que:

O recrudescimento, tanto nas hospitalizações como nas mortes, é dominado por aqueles que receberam duas doses da vacina, representando aproximadamente 60% e 70% do surto, respectivamente. Isto pode ser atribuído aos elevados níveis de absorção nos grupos etários de maior risco, de tal forma que as falhas de imunização são responsáveis por doenças mais graves do que nos indivíduos não vacinados.

 

Sim, tá bom, mas afinal tudo isso não passa duma teoria da conspiração. O Dr. Risch é um teórico da conspiração, provavelmente um antisemita também. E o governo inglês? Um conjunto de teóricos da conspiração. Assim como todos os médicos ingleses. E os novos pacientes? Cúmplices desta nova teoria da conspiração segundo a qual as vacinas podem prejudicar. O Leitor não se deixe enganar: as vacinas são toda saúde. E, para demonstra-lo, amanhã o usual ponto da situação com os dados da EMA.

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