Estado americano comemora com queima de fogos a marca de 70% dos adultos vacinados contra Covid com pelo menos uma dose. Com esse nível de imunização, quase todas as medidas de restrição serão retiradas e a vida poderá voltar quase ao normal.
Esta terça-feira (15) se tornou um dia histórico para Nova York: depois de um ano e três meses entre lockdown e regras um pouco menos duras de distanciamento social, o estado finalmente atingiu 70% de vacinação (com pelo menos uma dose) entre as pessoas de 18 anos ou mais.
“Hoje é um dia importante, depois de uma longa, longa jornada”, disse o governador Andrew Cuomo. E prometeu fogos de artifício por todo o estado às 21:15 como homenagem aos trabalhadores essenciais que, nos meses mais difíceis, levaram Nova York nas costas.
Na prática, restaurantes não terão mais que distanciar as mesas em dois metros ou usar separações físicas. Teatros e cinemas já podem lotar as salas. Prédios comerciais, cabeleireiros, academias e lojas não precisam mais medir a temperatura de todo mundo que entra e nem deixar uma fila do lado de fora enquanto o número máximo de consumidores são apressados do lado de dentro. Quase todas as restrições criadas com a chegada da Covid acabaram. Em resumo, com poucas exceções (como a obrigação de usar máscara no metrô e nas clínicas médicas), a vida voltou ao normal.
Mas na prática mesmo, o que Cuomo está dizendo é: pelo menos aqui, pelo menos por hora, vamos celebrar e… nos abraçar.
Um ano atrás, no dia 14 de junho de 2020, Nova York se recuperava da primeira onda. Ainda era o pior lugar do mundo, o epicentro do novo coronavírus: 623 novos casos tinham sido confirmados no estado em 24 horas e pelo menos 40 mortes por Covid registradas.
Na época, esses números impressionavam. Hoje a gente sabe que ainda piorariam muito antes de melhorar. Ontem, foram 320 novos casos e sete mortes. A pandemia não acabou. E para quem tem filhos de menos de 12 anos, que ainda não podem ser vacinados, o medo e a insegurança persistem.
Mas é inegável: a nova Nova York abriu suas portas. O metrô voltou a funcionar 24 horas no mês passado. Bares e restaurantes operam com 100% de capacidade e não precisam fechar antes da meia-noite. Shows, espetáculos e estádios esportivos voltaram.
E um chef brasileiro, que tinha recém aberto um bar bacana no West Village nos primeiros meses de 2020 confirma: as pessoas estão comendo e bebendo como se não houvesse amanhã. E ele nunca trabalhou tanto.
Infelizmente, ainda é uma celebração agridoce. Hoje os Estados Unidos cruzaram a marca de 600 mil mortos por Covid. Mais de 300 pessoas ainda morrem no país todos os dias por causa do novo coronavírus. Cinco vezes mais do que em acidentes de trânsito. Em pelo menos dez estados, o número de novos casos voltou a aumentar ao mesmo tempo em que a velocidade de vacinação diminuiu.
Talvez por isso, mesmo em Nova York e nos outros 14 estados onde mais de 70% dos adultos já foram vacinados, as pessoas têm dificuldade em deixar de usar máscara.