Um relatório divulgado nesta terça-feira (20) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), vinculada à ONU, revelou que empregos tradicionalmente ocupados por mulheres estão mais suscetíveis aos impactos da inteligência artificial do que os realizados majoritariamente por homens — especialmente em países de alta renda.

Segundo o estudo, 9,6% das funções exercidas por mulheres tendem a passar por transformações significativas, frente a 3,5% dos empregos masculinos. O motivo seria a crescente capacidade da IA em assumir tarefas administrativas, particularmente em cargos de secretariado e apoio gerencial, setores amplamente ocupados por mulheres nas últimas décadas.

Apesar do avanço tecnológico, o relatório pondera que a presença humana continuará essencial em muitas funções, indicando que os postos de trabalho tendem mais a uma reconfiguração do que à extinção total. Setores como mídia, tecnologia da informação e finanças também estão entre os mais impactados, dada a expansão da IA generativa e sua capacidade de aprendizado contínuo.

“A exposição da ocupação à IA não implica uma substituição total e imediata, mas sim a possibilidade de que uma parte significativa das tarefas hoje executadas por humanos possa ser delegada à tecnologia”, afirmou o relatório.

O documento também apela aos governos, empregadores e sindicatos para que discutam estratégias que garantam o uso responsável da IA, fomentando o aumento da produtividade sem sacrificar a dignidade e a qualidade do trabalho humano.

O relatório surge em um momento em que o avanço da inteligência artificial desperta preocupações legítimas sobre o futuro do trabalho, ao mesmo tempo em que apresenta oportunidades de ganho de eficiência. O desafio, agora, é encontrar o equilíbrio entre inovação tecnológica e preservação de postos de trabalho — especialmente para os grupos mais vulneráveis.