A guerra entre Rússia e Ucrânia atingiu um novo patamar tecnológico no início de junho de 2025, quando a Ucrânia realizou um ataque inédito contra bases aéreas russas utilizando drones equipados com inteligência artificial (IA). A chamada “Operação Spiderweb” mobilizou 117 drones de baixo custo, que foram transportados clandestinamente até posições próximas aos alvos e lançados em enxame contra instalações militares estrategicamente importantes, incluindo bases de bombardeiros russos.
O diferencial da operação esteve no uso inovador da IA. Segundo o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU), os drones foram programados para, em caso de perda de sinal com os operadores humanos, ativar algoritmos de inteligência artificial e seguir rotas pré-definidas até seus alvos. Ao se aproximarem dos pontos críticos — como aviões, sistemas de defesa aérea e infraestrutura sensível —, os próprios drones identificaram e atacaram as áreas mais vulneráveis, maximizando os danos. A precisão cirúrgica foi possível graças ao treinamento dos sistemas de IA com imagens de aeronaves russas, inclusive modelos preservados em museus, permitindo que os drones reconhecessem pontos frágeis, como tanques de combustível e suportes de armamento.
O resultado foi expressivo: a Ucrânia afirma ter destruído ou danificado 41 aeronaves russas, incluindo bombardeiros estratégicos, além de infligir prejuízos estimados em até US$ 7 bilhões — tudo isso a um custo operacional irrisório em comparação com ataques convencionais. Embora imagens de satélite confirmem danos em diversas bases, o número exato de aeronaves destruídas ainda não foi verificado de forma independente.
A operação representa um divisor de águas no campo de batalha moderno. A combinação de IA, drones acessíveis e táticas assimétricas permitiu à Ucrânia compensar sua desvantagem em recursos e efetivos frente à Rússia, demonstrando que, cada vez mais, a tecnologia pode nivelar o campo de batalha. O uso de IA não se restringiu apenas à navegação: sistemas como o SmartPilot, desenvolvidos por startups ucranianas, permitiram a identificação autônoma de alvos e a execução de missões a centenas de quilômetros atrás das linhas inimigas, sem necessidade de GPS e com resistência a bloqueios eletrônicos31.
Especialistas alertam, porém, para os riscos da automação militar. O uso crescente de drones autônomos, capazes de tomar decisões letais sem intervenção humana direta, levanta questões éticas e estratégicas relevantes. O sucesso ucraniano evidencia a necessidade de políticas internacionais claras para o uso de IA em conflitos, sob risco de proliferação descontrolada dessa tecnologia por estados e grupos não estatais.
A Operação Spiderweb entra para a história como um marco da guerra tecnológica, mostrando tanto as oportunidades quanto os perigos de um futuro onde a inteligência artificial redefine os limites do poder militar. Para o mundo, fica o alerta: a era dos drones autônomos já começou, e seus impactos vão muito além dos campos de batalha da Ucrânia.