Governo cria grupo para desenvolver plano de “GPS nacional”
País busca autonomia tecnológica e redução da dependência de sistemas estrangeiros de localização
Por Administrador
Publicado em 21/07/2025 20:04
TECNOLOGIA

O governo federal instituiu um grupo técnico multidisciplinar para estudar e propor a criação de um sistema brasileiro de posicionamento, navegação e tempo — conhecido popularmente como “GPS nacional”. A medida, oficializada com publicação no Diário Oficial da União, foi assinada pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional e reúne representantes de 14 órgãos, entre eles o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (que coordena os trabalhos), Ministério da Defesa, Agência Espacial Brasileira (AEB), Comando da Aeronáutica, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Telebras, Anatel e entidades do setor aeroespacial.

O principal objetivo do grupo é reduzir a dependência nacional de sistemas estrangeiros como o GPS dos Estados Unidos, o Galileo da União Europeia, o BeiDou da China e o GLONASS da Rússia, fortalecendo a soberania e a segurança estratégica do Brasil em tecnologias cruciais. O grupo tem tarefas que incluem: diagnóstico das vulnerabilidades atuais, levantamento das capacidades tecnológicas e industriais já existentes no país e estudo de rotas tecnológicas viáveis para o desenvolvimento do sistema brasileiro. O relatório final, a ser apresentado em até 180 dias (com possibilidade de extensão por igual período), servirá de base para decisões estratégicas futuras sobre a implantação e investimentos em tecnologia espacial nacional.

Segundo informações oficiais, a motivação estratégica envolve desde o uso do sistema em setores como agricultura de precisão, logística de transporte e geolocalização em celulares, até aplicações críticas para Defesa, ciência e serviços públicos. Um sistema nacional permitirá determinar localização geográfica, velocidade e orientação de pessoas e objetos em tempo real, usando satélites próprios e estações de monitoramento no Brasil. A proposta também inclui avaliar o potencial de integração entre indústrias, universidades e setores privados para acelerar a maturação das capacidades técnicas necessárias.

Especialistas ressaltam que, ao investir em um sistema próprio, o Brasil poderá se proteger de dependências tecnológicas e de eventuais bloqueios externos, além de estimular a inovação e fortalecer cadeias industriais de alto valor agregado. A participação dos integrantes do grupo será considerada serviço público relevante e não será remunerada.

O desenvolvimento desse sistema representa um passo importante para a autonomia tecnológica e para o protagonismo científico do Brasil no cenário internacional, alinhando esforços de governo, pesquisa e indústria em torno de um dos setores estratégicos mais sensíveis da atualidade.

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