A Netflix e a Disney, líderes do entretenimento global, deram o primeiro passo rumo a uma transformação drástica no mercado de produção audiovisual: ambas estão testando, em ritmo acelerado, softwares de inteligência artificial para geração de vídeos, como os desenvolvidos pela Runway AI. O movimento representa um novo marco para Hollywood, prometendo encurtar prazos, baratear efeitos visuais e inclusive democratizar tecnologias antes restritas a grandes estúdios — mas não sem provocar debates intensos sobre arte, emprego e autenticidade.
A Netflix já aplica o software da Runway AI em suas produções, usando modelos avançados capazes de criar cenas inteiras a partir de comandos textuais, transferir movimentos humanos para avatares digitais e entregar resultados que, até pouco tempo, exigiam equipes numerosas e meses de trabalho artesanal. O uso da IA em projetos como El Eternauta mostra que a tecnologia não está mais restrita a experimentos de laboratório; ela já faz parte do processo criativo do streaming.
A Disney segue caminho semelhante: testa e negocia a integração das ferramentas de IA em suas áreas de animação e efeitos especiais. Embora ainda aja com cautela, preocupada com questões legais e regulatórias, a empresa reconhece que o futuro da produção audiovisual passa por algoritmos capazes de turbinar produtividade e inovar com rapidez.
Os impactos dessa aposta são abrangentes: custos e prazos de produção despencam, técnicas sofisticadas de edição e efeitos digitais passam a estar ao alcance de pequenas equipes, e produtoras independentes podem finalmente competir com os grandes estúdios. Por outro lado, cresce o temor de extinção de postos de trabalho tradicionais, a discussão sobre o papel da criatividade humana e questionamentos éticos sobre direitos autorais e manipulação digital.
A Runway AI, vista como uma das startups mais promissoras do setor, já figura nos bastidores de grandes produções e é considerada o motor de uma nova onda para o audiovisual. O avanço da inteligência artificial em vídeo é visto como o início de uma redefinição sem precedentes para todo o ecossistema do entretenimento, com consequências que vão muito além da tecnologia: trata-se de quem define a arte, quem controla o processo de criação e até que ponto a magia do cinema pode ser substituída por algoritmos.
A corrida entre Netflix, Disney e outras gigantes mostra que, no universo dos vídeos, o futuro já chegou — e ninguém será poupado de se adaptar.