Taiwan deu início nesta quarta-feira (9 de julho de 2025) aos seus exercícios militares anuais Han Kuang, considerados os maiores da história da ilha, com foco em simular respostas a uma possível invasão chinesa. As manobras, que se estendem por 10 dias e nove noites, envolvem cerca de 22 mil reservistas e incorporam novas tecnologias, como sistemas de foguetes de alta mobilidade, para avaliar a prontidão das Forças Armadas em cenários de conflito.
Os treinamentos começaram com simulações de ataques a sistemas de comando e infraestrutura, testando a capacidade de descentralização em caso de interrupções nas comunicações. As atividades incluem operações 24 horas com participação do Exército, Marinha e Força Aérea, além de elementos de defesa civil, como a criação de estações de suprimentos de emergência e o uso de abrigos antiaéreos ampliados.
Pela primeira vez, os exercícios incorporam mísseis desenvolvidos localmente e tanques M1A2T Abrams, adquiridos dos Estados Unidos, com disparos reais contra alvos móveis e estáticos. As manobras foram planejadas com base em lições de conflitos recentes, como o da Ucrânia, priorizando a proteção de infraestruturas críticas, como redes elétricas e sistemas de abastecimento.
No primeiro dia, foram detectadas 31 incursões de aeronaves chinesas e sete navios próximos à ilha, o que reforça o contexto de tensão, embora as autoridades taiwanesas afirmem que os exercícios visam apenas fortalecer a defesa nacional.
Taiwan vive sob constante pressão militar da China, que considera a ilha parte de seu território e não descarta o uso da força para reunificação. Nos últimos anos, Pequim intensificou patrulhas aéreas e navais ao redor da ilha, com exercícios chineses recentes, como os de abril de 2025, simulando bloqueios e ataques de precisão.
O governo taiwanês, liderado pelo presidente Lai Ching-te, busca demonstrar determinação em se defender, transmitindo uma mensagem à comunidade internacional de que a ilha está preparada para preservar sua autonomia e estilo de vida democrático. Autoridades dos Estados Unidos, principal aliado de Taiwan, citam 2027 como uma possível data para uma invasão chinesa, o que influenciou o planejamento das manobras.
A China criticou os exercícios como uma "encenação separatista", afirmando que eles não enfraquecem sua postura pela reunificação, mas especialistas destacam que tais ações mútuas contribuem para a instabilidade regional sem necessariamente escalar para conflito aberto.
As manobras geraram reações mistas: enquanto setores em Taiwan veem nelas uma necessidade para a soberania, analistas internacionais alertam para o risco de escalada em um momento de tensões globais. O Ministério da Defesa de Taiwan enfatizou que os treinamentos são pragmáticos e visam acumular experiência real de combate, sem intenções provocativas.
Especialistas em relações internacionais observam que o aumento do orçamento militar taiwanês e a aquisição de armas ágeis, como drones, permitem uma defesa assimétrica contra um adversário superior em número. A participação recorde de reservistas reflete um esforço para envolver a sociedade civil na preparação para emergências.
Os exercícios Han Kuang, realizados anualmente desde 1984, destacam a importância do diálogo multilateral para mitigar riscos na região. Taiwan busca equilibrar sua defesa com apelos à estabilidade, enquanto a China mantém sua reivindicação territorial. O desfecho das manobras pode influenciar negociações futuras, reforçando a necessidade de soluções diplomáticas para preservar a paz no Estreito de Taiwan.