O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (14 de julho de 2025) que imporá tarifas secundárias de 100% sobre parceiros comerciais da Rússia caso não haja um acordo para encerrar a guerra na Ucrânia dentro de 50 dias. A medida, revelada durante reunião com o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, reflete a crescente frustração de Trump com o presidente russo, Vladimir Putin, e busca acelerar negociações para uma solução pacífica no conflito que já dura mais de três anos.
Trump expressou insatisfação com a conduta russa, afirmando que esperava um acordo há meses, mas que Putin tem alternado discursos amigáveis com ações agressivas. "Estamos muito infelizes com a Rússia, e vamos impor tarifas muito severas se não houver um acordo em 50 dias, tarifas de cerca de 100%, chamadas de tarifas secundárias", declarou o presidente durante o encontro no Salão Oval. Essas tarifas secundárias afetariam países que compram exportações russas, como petróleo e gás, impactando nações dependentes como China, Índia, Brasil e Turquia.
A declaração surge em um momento de escalada nas tensões comerciais globais, com Trump utilizando o comércio como ferramenta para resolver disputas internacionais. Analistas destacam que essa abordagem pode isolar economicamente a Rússia, mas também gerar repercussões em cadeias de suprimentos mundiais, afetando preços de energia e commodities14.
Além da ameaça tarifária, Trump anunciou um plano para fornecer armas sofisticadas à Ucrânia por meio da Otan, com os aliados europeus arcando com os custos. "Vamos produzir equipamentos de ponta, como sistemas de mísseis Patriot, e enviá-los à Otan, que pagará e distribuirá para o campo de batalha", explicou o presidente. Rutte confirmou que países como Canadá, Alemanha e Reino Unido participariam, garantindo "números massivos" de armas para Kiev.
Essa iniciativa representa uma mudança em relação a declarações iniciais de Trump, que prometia encerrar a guerra rapidamente, mas agora adota uma postura mais firme contra Moscou. Especialistas em relações internacionais observam que o envio de armas via Otan alivia o ônus financeiro dos EUA, enquanto pressiona a Rússia para negociações.
A ameaça gerou reações mistas. A chefe de política externa da União Europeia, Kaja Kallas, elogiou a postura dura de Trump contra a Rússia, mas criticou o prazo de 50 dias como longo demais, dado o sofrimento diário de civis ucranianos6. Por outro lado, setores no Congresso americano, como o senador Lindsey Graham, propõem tarifas ainda mais elevadas, de até 500%, para dar a Trump uma "marreta" nas negociações.
Críticos alertam que tarifas secundárias podem agravar instabilidades econômicas globais, afetando aliados dos EUA e incentivando realinhamentos comerciais. A Rússia classificou as declarações como "pressão coercitiva", mas analistas sugerem que o prazo pode abrir espaço para diplomacia, especialmente com a chegada do enviado especial americano Keith Kellogg a Kiev para discutir sanções e segurança.
O prazo de 50 dias, que termina em setembro, coloca o foco em negociações urgentes, mas depende da disposição russa para concessões. Trump enfatizou que o comércio é "ótimo para resolver guerras", sinalizando uma estratégia que equilibra pressão econômica com apoio militar. O episódio reforça a necessidade de diálogo multilateral para mitigar riscos de escalada, preservando a estabilidade regional e global.