NEW YORK — O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou nesta sexta-feira que o Iêmen devastado pela guerra "está agora em perigo iminente da pior fome que o mundo já viu em décadas".
O alerta de Guterres ocorre no momento em que os Estados Unidos ameaçam pôr em sua lista negra de patrocinadores do terrorismo o grupo iemenita houthi, aliado do Irã, como parte de sua campanha de "pressão máxima" contra o país persa. Trabalhadores humanitários têm alertado de que tal movimento pode impedir a ajuda humanitária de chegar ao país.
"Peço para que todos aqueles com influência ajam urgentemente nessas questões para evitar a catástrofe, e também peço que todos evitem tomar qualquer ação que possa piorar ainda mais a já terrível situação", disse o secretário-geral em um comunicado.
Uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita interveio no Iêmen em 2015, apoiando as forças do governo pró-saudita que lutavam contra os houthis. As autoridades da ONU estão tentando retomar as negociações de paz para encerrar a guerra, já que o sofrimento do país também é agravado por um colapso econômico e monetário, além da pandemia da Covid-19.
“Na ausência de ação imediata, milhões de vidas podem ser perdidas”, disse Guterres.
As Nações Unidas descrevem o Iêmen como a maior crise humanitária do mundo, com 80% das pessoas precisando de ajuda. Um diplomata ocidental disse que a designação dos houthis pelos Estados Unidos como um grupo terrorista "certamente não contribui para o progresso no Iêmen".
— É provável que eles queiram fazer o que for necessário para aumentar a pressão sobre o Irã — disse o diplomata, falando sob condição de anonimato.
O chefe de ajuda humanitária da ONU, Mark Lowcock, disse que as Nações Unidas receberam menos da metade do que precisavam este ano —cerca de US$ 1,5 bilhão —para suas operações humanitárias no Iêmen. No ano passado, o valor foi de US$ 3 bilhões.