A Arábia Saudita tem avançado sua agenda de desvinculação das vendas de petróleo do dólar norte-americano. No início de junho, o banco central do país se tornou um membro pleno do Projeto mBridge, um experimento transtronteiriço com moedas digitais de bancos centrais comandado pela China.
Esse movimento do reino árabe é mais um passo de distanciamento do dólar, na medida em que o país já indicou que quer se desvencilhar do acordo que estabeleceu a divisa como moeda oficial nas transações de petróleo. Como mostrou o Poder360, o país árabe não tem interesse em manter a política dos
"petrodólares"
O Projeto mBridge foi iniciado em 2021 como uma parceria entre o braço de inovação do BIS (sigla em inglês para Banco de Compensações Internacionais) e os bancos centrais da China, Hong Kong, Tailândia e Emirados Árabes Unidos. O projeto tem como objetivo testar a viabilidade de moedas digitais criadas pelos bancos centrais para comércio transfronteiriço instantâneo.
Na prática, a entrada da Arábia
Saudita ao Projeto mBridge significa que o país apoia uma ampliação das modalidades de pagamento de sua principal commodity, o petróleo.
Durante 50 anos as transações de petróleo da Arábia Saudita foram feitas em dólares, o que elevou o prestígio da moeda dos EUA e consequentemente aumentou a necessidade dos demais países em aumentaram suas reservas de dólar.
Se o Projeto mBridge avançar, essas transações antes feitas com lastro no dólar poderão ser realizadas por essas moedas digitais. O maior vencedor nesse cenário é a China, que encabeça o projeto.
Nos últimos anos a China tem aumentado sua influência na Arábia
Saudita e até o momento tem tido sucesso em desvincular o petróleo do dólar norte-americano. O país asiático é o maior comprador de petróleo saudita e teve um papel importante no convite à Arábia para se juntar aos Brics, bloco formado por grupo de países de mercado emergente em relação ao desenvolvimento econômico, no ano passado.
No início do mês, o Projeto mBridge alcançou a fase de desenvolvimento chamada MVP (sigla em inglês para Produto Mínimo Viável). Nessa etapa, empresas financeiras do setor privado já podem propor sugestões para o desenvolvimento da plataforma. Ainda não há um horizonte para quando o projeto será concluído.
A plataforma funcionará a partir de um blockchain -o mBridge Ledger-que foi desenvolvido para suportar pagamentos em tempo real, transfronteiriços e com transações cambiais.
Além dos 6 integrantes permanentes, o Projeto mBridge tem outras 27 entidades observadoras
que acompanham o desenvolvimento do empreendimento por meio de um modelo disponibilizado para testes da tecnologia.
Fazem parte desse grupo de observadores o FMI (Fundo Monetário Internacional), o Banco Mundial, a Reserva Federal de Nova York e bancos centrais de diversos países como França, Itália Israel e Egito.