Vitória de Maduro: Lula silencia, Boric diz que é 'difícil de acreditar' e EUA citam 'preocupação'
MUNDO
Publicado em 29/07/2024

Após o anúncio do Conselho Nacional Eleitoral

(CNE) da Venezuela dando a vitória ao presidente

Nicolás Maduro nas eleições deste domingo (28/7), alguns presidentes de esquerda, como da Bolívia e de Honduras, parabenizaram Maduro, enquanto outros chefes de Estado criticaram a lisura do processo.

Os mandatários de Brasil, Colômbia e México, todos à esquerda e com laços históricos com o chavismo, não haviam se manifestado diretamente sobre o resultado - contestados pela oposição — até a publicação desta reportagem.

O Itamaraty afirmou que o governo brasileiro aguarda "a publicação pelo Conselho Nacional Eleitoral de dados desagregados por mesa de votação, passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito".

A nota publicada nesta segunda-feira diz que o governo brasileiro "saúda o caráter pacífico da jornada eleitoral de ontem na Venezuela e acompanha com atenção o processo de apuração", além de reafirmar "o princípio fundamental da soberania popular, a ser observado por meio da verificação imparcial dos resultados".

"O regime de Maduro deve entender que esses resultados são difíceis de acreditar. A comunidade internacional e sobretudo o povo venezuelano, incluindo os milhões de venezuelanos no exílio, exigimos total transparência das atas do processo, e que observadores internacionais não comprometidos com o governo atestem a veracidade dos resultados", , escreveu Boric na rede social X.

De Tóquio, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou que seu país tem

"sérias preocupações" sobre o resultado anunciado.

Blinken disse que os EUA estavam preocupados com o fato de o resultado não refletir nem a vontade e nem os votos dos venezuelanos.

"É fundamental que todos os votos sejam contados de forma justa e transparente, que as autoridades eleitorais partilhem imediatamente informações com a oposição e observadores independentes (...). A comunidade internacional está observando isso de perto e responderá de acordo", disse Blinken.

O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, disse: "O povo da Venezuela votou sobre o futuro de seu país de forma pacífica e em grandes números. A sua vontade deve ser respeitada. Garantir transparência completa no processo eleitoral, incluindo na contagem de votos e acesso aos registros de voto nas zonas de votação, é vital."

Já o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, de direita, chamou o processo eleitoral venezuelano de "viciado" e disse que "não se pode reconhecer um triunfo se não se confia na forma dos mecanismos utilizados para chegar a ele".

A conta oficial da presidência da Costa Rica emitiu um comunicado ainda na madrugada repudiando

"categoricamente" o resultado da eleição venezuelana, considerada "fraudulenta"

O Peru também criticou a eleição venezuelana. O ministro das Relações Exteriores do Peru, Javier Gonzalez-Olaechea, disse que condena "a soma de irregularidades com a intenção de cometer fraudes pelo governo venezuelano". O Peru convocou o embaixador venezuelano para consultas.

O presidente da Guatemala, Bernardo Arevalo, disse que a Venezuela "merece resultados transparentes e precisos que adiram ao desejo do seu povo".

"Recebemos os resultados anunciados pela CNE com muitas dúvidas. É por isso que missões de observadores eleitorais são essenciais, e hoje mais do que nunca precisam defender o voto dos venezuelanos."

O governo venezuelano reagiu às críticas. Um comunicado da Chancelaria divulgado pelo ministro Yvan Gil afirmou que a Venezuela denunciava e alertava o mundo a respeito "de uma operação de intervenção contra o processo eleitoral".

Brasil, Colômbia e México

Os analistas, porém, chamavam a atenção para o papel crucial que Brasil, Colômbia e México e frisavam o silêncio dos mandatários até o momento.

Gustavo Petro não havia se manifestado sobre os resultados até a publicação deste texto.

No entanto, Petro publicou uma mensagem na sexta-feira (26/10) afirmando que a Venezuela

"toma decisões democráticas" e que "qualquer que seja sua vontade, será respeitada pelo meu governo".

O ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, disse: "Depois de manter contato permanente com todos os atores políticos envolvidos nas eleições presidenciais (...) nós consideramos essencial que as vozes de todos os setores sejam ouvidas. E importante esclarecer todas as dúvidas sobre os resultados. Nós pedimos a contagem total de votos, sua verificação, e uma auditoria independente o mais rápido possível."

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