O Partido dos Trabalhadores (PT) tem recorrido à inteligência artificial (IA) para produzir conteúdos que defendem suas posições políticas, em especial no contexto das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros. Essa estratégia busca rebater argumentos da direita, ligando a medida americana a influências da família Bolsonaro, e enfatizar a defesa da soberania nacional em meio a tensões diplomáticas e econômicas.
O PT está preparando uma série de vídeos gerados por IA para responder ao tarifaço de 50% anunciado por Trump sobre exportações brasileiras. O conteúdo foca na família Bolsonaro, destacando as viagens do deputado Eduardo Bolsonaro aos EUA e o apoio declarado de Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Os petistas argumentam que essas conexões contribuem para decisões prejudiciais ao Brasil, priorizando interesses pessoais sobre os nacionais.
Um exemplo de vídeo retrata diálogos fictícios que reforçam a soberania brasileira, com frases como "Aqui é Brasil, não é a Disney", criticando interferências externas. Essa tática é inspirada em campanhas anteriores, como a defesa da taxação de grandes fortunas, bancos e apostas online, que usaram IA para engajar a militância e ampliar debates sobre justiça fiscal.
O partido organizou oficinas com influenciadores digitais para aprimorar essas estratégias, visando expandir o alcance além da base tradicional e promover narrativas progressistas de forma acessível.
A tarifa de 50% imposta por Trump é motivada por críticas ao judiciário brasileiro, incluindo o julgamento de Bolsonaro por suposta tentativa de golpe, e alegações de restrições à liberdade de expressão. Dirigentes petistas, como o deputado Lindbergh Farias, veem a medida como um ataque à democracia e à independência do Brasil, defendendo uma reação firme e unificada.
A ofensiva digital do PT destaca que figuras da direita, como os Bolsonaro, podem estar agravando a situação econômica ao alinharem-se com interesses estrangeiros. Analistas observam que essa narrativa permite à esquerda resgatar temas de soberania e patriotismo, mas alertam para o risco de maior polarização em um cenário já dividido.
Críticos da estratégia apontam que o uso de IA pode ser visto como manipulador, semelhante a táticas usadas por opositores no passado, e recomendam transparência para manter a credibilidade.
A campanha tem gerado reações mistas. Parlamentares da direita, como Nikolas Ferreira, atribuem a culpa ao governo Lula, enquanto outros, como Sérgio Moro, condenam a tarifa de Trump e pedem diplomacia equilibrada. O PT planeja intensificar seu gabinete digital para sustentar o engajamento online, independentemente de transições internas.
Esse caso ilustra o crescente papel da IA na política brasileira e as complexidades das relações internacionais. Especialistas enfatizam a importância de negociações diplomáticas para minimizar danos econômicos, como perdas na indústria e no emprego, promovendo unidade nacional sem exacerbar divisões ideológicas.