O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elevou o tom nas respostas à recente decisão do presidente norte-americano Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Segundo Lula, a chamada "guerra tarifária" entre Brasil e Estados Unidos começará assim que o governo brasileiro apresentar uma resposta direta às medidas impostas por Washington. O presidente destacou que o mecanismo central de reação será a aplicação da Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada em 2025 justamente para permitir que o Brasil taxe países que decidam elevar tarifas de maneira unilateral contra produtos nacionais.
Em suas declarações, Lula afirmou: "Temos vários caminhos. Podemos recorrer à OMC (Organização Mundial do Comércio), propor investigações internacionais, cobrar explicações. Mas o principal é a Lei da Reciprocidade, aprovada no Congresso. Se ele cobrar 50% da gente, a gente vai cobrar 50% dele". A medida, segundo ele, garantiria uma resposta proporcional às ações de Trump e fortaleceria a defesa da soberania e da competitividade do Brasil diante de ameaças externas.
O mandatário brasileiro reforçou também que o Brasil é uma nação soberana e não aceitará ser tutelada por pressões internacionais. Em manifestações oficiais, Lula ressaltou que eventuais retaliações não se restringiriam apenas ao aumento de tarifas, mas poderiam incluir ações jurídicas e diplomáticas, além de eventuais investigações internacionais a serem conduzidas em fóruns multilaterais como a OMC.
Lula e sua equipe avaliam ainda a possibilidade de criar um comitê de empresários para repensar a política comercial com os Estados Unidos, indicando que a crise pode alterar a dinâmica de relações entre os dois países a médio e longo prazo. Apesar do cenário tenso, ministros próximos ao presidente tentam manter abertos canais de negociação para evitar danos ainda maiores ao comércio bilateral, mesmo admitindo que a chance de um acordo é considerada remota no momento.
O anúncio do tarifaço de Trump, que deverá entrar em vigor a partir de 1º de agosto, foi amplamente interpretado pelo governo brasileiro como uma manobra política para pressionar o Brasil em meio a questões judiciais internas e divergências diplomáticas recentes. A expectativa é que, caso Lula efetive a resposta prometida, o cenário de guerra tarifária provocará impactos diretos em setores como agronegócio, indústria e energia, com repercussões internacionais e riscos de escalada no confronto econômico.
O governo afirma que o objetivo não é o confronto imediato, mas a defesa dos interesses brasileiros diante de medidas consideradas arbitrárias. O início da guerra tarifária, nas palavras de Lula, depende apenas do aval final do Planalto para a aplicação das medidas de reciprocidade aprovadas pelo Congresso.