Setor financeiro brasileiro recorre a escritórios de advocacia dos EUA para mapear riscos de sanções
Bancos e financeiras ampliam consultas jurídicas diante da ameaça de restrições políticas e comerciais ligadas à crise Brasil-EUA
Por Administrador
Publicado em 22/07/2025 15:24
ECONOMIA

Instituições financeiras brasileiras estão intensificando a busca por orientação de grandes escritórios de advocacia norte-americanos para entender em detalhes os potenciais riscos e consequências de sanções internacionais, em especial aquelas advindas dos Estados Unidos. O movimento reflete um cenário de forte incerteza diante da escalada nas tensões diplomáticas e do anúncio de novas tarifas e restrições impostas pelo governo Donald Trump a partir de agosto.

No momento, os escritórios de advocacia nos EUA são acionados principalmente para traçar planos de contingência diante da possibilidade de: bloqueio de ativos em território americano, restrições a operações bancárias internacionais, proibição de transações em dólar e barreira de relacionamento entre bancos brasileiros e instituições financeiras dos Estados Unidos. Há, inclusive, preocupação com sanções individuais a bancos que operam no Brasil e com o impacto sobre clientes que venham a ser atingidos por restrições migratórias ou financeiras por parte do governo americano.

Especialistas apontam que a articulação envolve investigar cenários nos quais a imposição de tarifas adicionais e sanções financeiras — como congelamento de ativos e acesso limitado ao sistema bancário internacional — possa atingir negócios estratégicos, linhas de crédito e contratos de exportação e importação. O setor teme especialmente medidas amparadas em instrumentos legais norte-americanos, como o Global Magnitsky Act e o International Emergency Economic Powers Act (IEEPA), que têm histórico de aplicação rápida e efeitos extraterritoriais consideráveis sobre empresas e indivíduos.

Os bancos buscam entender como agir caso sejam proibidos de operar ou manter relações com bancos americanos, o que poderia afetar desde simples operações de câmbio até transferências internacionais de clientes. Outra demanda recorrente é compreender os procedimentos judiciais adequados para renegociação ou revisão de cláusulas em contratos afetados por sanções — incluindo alternativas para sustentar disputas legais em tribunais internacionais caso sejam afetados acordos comerciais e financeiros vigentes.

O setor financeiro acompanha com apreensão os desdobramentos políticos e econômicos, ciente de que o agravamento das sanções pode resultar em diminuição da liquidez internacional, aumento de custos para acesso ao crédito externo e impactos diretos sobre setores estratégicos, como agronegócio, aviação e manufatura. Nas análises, cresce a recomendação de buscar diversificação de mercados e moedas de liquidação como forma de mitigar riscos em meio à prolongada instabilidade entre Brasil e Estados Unidos.

O recurso a escritórios americanos mostra o grau de alerta das instituições brasileiras e a preocupação em alinhar rapidamente estratégias de defesa e adaptação — tanto no cenário de barreiras comerciais como em sanções financeiras extraterritoriais. A expectativa é de que, enquanto persistirem os impasses diplomáticos, o setor siga ampliando consultas especializadas para garantir a segurança jurídica e a continuidade dos negócios internacionais.

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