O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um acordo comercial com a Indonésia, país membro pleno do Brics, em um movimento que surpreende diante das recentes tensões com o bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros. Inicialmente, Trump havia ameaçado impor uma tarifa de 32% sobre produtos indonésios a partir de 1º de agosto, conforme cartas enviadas no início de junho ao presidente indonésio, Prabowo Subianto. Agora, com o novo pacto, a tarifa foi reduzida para 19%, enquanto a Indonésia eliminará tarifas sobre quase todos os bens americanos, marcando um avanço significativo nas relações bilaterais.
O acordo, detalhado por Trump em sua plataforma Truth Social, estabelece que a Indonésia abrirá seu mercado para produtos industriais, tecnológicos e agrícolas dos EUA, removendo 99% de suas barreiras tarifárias. Em contrapartida, os Estados Unidos manterão a tarifa de 19% sobre importações indonésias, um valor menor que o inicialmente proposto, mas ainda acima da taxa mínima de 10% aplicada a outros parceiros comerciais. Além disso, a Indonésia fornecerá minerais críticos e fechará grandes contratos para compra de aeronaves da Boeing, energia e produtos agrícolas americanos, o que Trump classificou como uma "grande vitória" para trabalhadores e fabricantes dos EUA.
Essa negociação ocorre em um contexto de confronto com o Brics, grupo que Trump tem criticado abertamente, acusando-o de promover políticas "antiamericanas" e ameaçando tarifas elevadas contra seus membros. Apesar disso, o acordo com a Indonésia, assinado em 15 de julho e detalhado nesta semana, sinaliza uma abordagem pragmática ao buscar parcerias individuais com países do bloco. Analistas veem o movimento como uma tentativa de contrabalançar a influência crescente de potências como China e Rússia no cenário global, enquanto fortalece laços econômicos estratégicos no sudeste asiático.
Embora o acordo traga alívio ao evitar a tarifa mais alta de 32%, especialistas alertam que os termos ainda favorecem os EUA, com a Indonésia enfrentando taxas significativas em suas exportações. A remoção de barreiras não tarifárias, como inspeções prévias de produtos americanos e restrições a minerais, também beneficia empresas dos EUA, mas levanta questões sobre o impacto a longo prazo para a economia indonésia. Enquanto isso, o prazo de 1º de agosto para a entrada em vigor de tarifas mais altas contra outros países segue como uma pressão sobre nações que ainda negociam com Washington.
O anúncio deste pacto, que mistura estratégia comercial com um toque de rivalidade geopolítica, já reverbera nos mercados internacionais. Resta saber se essa parceria com a Indonésia abrirá caminho para novos acordos ou se intensificará as disputas com outros membros do Brics, num jogo de forças que promete manter o mundo econômico em alerta.
