Seca em Mato Grosso
MUNDO
Publicado em 20/10/2020

MT corre risco de não ter gado suficiente para o abate a partir de 2021, diz Sindicato dos Frigoríficos

A falta de matéria-prima já é uma realidade sentida na formação de escalas de abate e a tendência é de que se agrave muito mais no próximo ano, quando faltarão os animais jovens que hoje deixam o estado.

 

Mato Grosso corre o risco de não ter gado suficiente para o abate a partir de 2021. A perspectiva foi feita pelo Sindicato das Indústrias Frigoríficas do estado (Sindifrigo). O setor gera mais de 24 mil empregos em Mato Grosso.

De acordo com o presidente do sindicato, Paulo Bellicanta, as exportações de animais vivos para serem abatidos em outros estados e também em outros países são as principais responsáveis por essa situação.

Situação semelhante já foi vivenciada pelo setor em 2015, quando vários frigoríficos mato-grossenses suspenderam as atividades temporariamente por falta de matéria-prima para o abate.

“A história tende a se repetir, caso não exista imediatamente uma ação direcionada para a equação do problema. A evasão da matéria-prima com a saída de mais de 93 mil animais em único mês representa o abate de 9 indústrias de porte médio”, ressalta Paulo.

A falta de matéria-prima já é uma realidade sentida na formação de escalas de abate e a tendência é de que se agrave muito mais no próximo ano, quando faltarão os animais jovens que hoje deixam o estado.

A evasão do gado vivo de Mato Grosso, explica Paulo, tem promovido mudanças, sendo que a primeira delas é percebida no campo da sustentabilidade.

“Desavisadas redes varejistas e ONGs estão vigiando com lupa o abate de animais na região Amazônica, enquanto este gado está morrendo em São Paulo ou outros estados da região sudeste”, afirma.

Ele explica que isso ocorre por causa da diferença tributária na comercialização dos animais vivos de um estado para outro, algo bastante prejudicial para os produtores de Mato Grosso e para a economia do estado que seria alavancada se a industrialização dessa matéria prima ocorresse em Mato Grosso.

Atualmente, a diferença de custo na produção que chega a 10% considerando-se tributos e logística já é um desafio diário para quem produz no estado por causa da localização a 2.000 km de distância de um porto.

De acordo o presidente do Sindifrigo, na falta de gado para o abate a indústria do estado se vê obrigada a buscar meios para minimizar os impactos negativos e um deles é conceder férias coletivas e reduzir os abates.

O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontou na última segunda-feira (5) que alguns frigoríficos mato-grossenes já estão com dificuldades para encontrar animais para abate e começam a decretar férias coletivas. As projeções apontam que para os próximos meses a disponibilidade de animais segue restrita.

Bellicanta alerta que o setor terá que encontrar com urgência junto ao governo estadual e a classe produtora uma equação para os próximos anos.

 

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