A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) rompeu o silêncio e divulgou nesta semana uma nota contundente em defesa dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que tiveram seus vistos revogados pelos Estados Unidos. A entidade classificou a medida como uma afronta à soberania nacional e um gesto inaceitável de pressão estrangeira sobre o sistema de Justiça brasileiro. Em tom firme e direto, a OAB denunciou o que considera uma tentativa de intimidação institucional promovida por interesses políticos da Casa Branca, em clara retaliação aos avanços processuais contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Assinada em conjunto com o Colégio de Presidentes de seccionais da OAB em todo o país, a nota manifesta apoio irrestrito aos ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes — todos com vistos suspensos ou restringidos pelo governo norte-americano. Também foi incluída na lista de apoio o procurador-geral da República, Paulo Gonet, igualmente afetado. A entidade afirma que a decisão unilateral dos EUA é grave, abre um precedente perigoso e representa uma tentativa de interferir diretamente na independência do Poder Judiciário brasileiro.
Para a OAB, medidas restritivas adotadas por uma potência estrangeira contra autoridades jurídicas de outro país são inaceitáveis em qualquer democracia séria. O conteúdo da nota aponta que tais ações demonstram desrespeito institucional e ferem tratados diplomáticos vigentes. A entidade ainda destaca que a atuação da Suprema Corte brasileira segue rigorosamente os parâmetros constitucionais, e que nenhuma autoridade judicial deve ser punida por cumprir seu papel de garantir a legalidade, o devido processo legal e a integridade das instituições democráticas.
Nos bastidores da diplomacia, a medida foi interpretada como mais do que simbólica: trata-se de uma retaliação direta do governo Trump ao endurecimento das decisões do STF contra bolsonaristas e influenciadores conservadores investigados por crimes contra o Estado Democrático de Direito. A revogação dos vistos ocorre em meio ao aumento das tensões entre Brasil e Estados Unidos, especialmente após as declarações de Donald Trump criticando publicamente o Judiciário brasileiro e ameaçando retaliações econômicas ao país.
A nota da OAB, considerada a reação mais contundente de uma entidade civil até agora, termina com um alerta: é papel das instituições brasileiras resistirem a qualquer tentativa de intimidação vinda do exterior, reafirmando que a justiça nacional não se curva a pressões políticas estrangeiras, sejam elas diplomáticas, econômicas ou simbólicas. A crise, segundo analistas, ainda está longe de terminar — e esse episódio pode marcar uma nova etapa de embate entre o Brasil institucional e a máquina geopolítica norte-americana.
